A Vida Eterna
R. Santana
Desde que o mundo é mundo que o homem se pergunta: “quem sou eu”, “de onde vim” e “para onde vou”. O homem, conforme sua cultura, suas convicções intelectuais, religiosas e morais, busca essas respostas. Sócrates, o filósofo grego, Século V a.C., tinha como princípio filosófico: “Conhece-te a ti mesmo”, cujo objetivo é descobrir o autoconhecimento e a sabedoria. Porém, “quem sou eu” dentre as perguntas: é descobrir sua identidade, sua essência, eu sou o quê? Qual a minha missão neste mundo? “De onde vim”, o mistério de sua origem, antes do nascimento e, “Para onde vou” que é a vida no fim, o mistério da vida depois da morte.
A maioria dos fundadores das religiões prega a vida eterna de acordo sua doutrina, todos dão essa esperança ao homem que a vida não termina aqui, Jesus Cristo, Maomé, Siddartha Gautama (Buda), Abraão e o pai do espiritismo Allan Kardec, porém, só Jesus Cristo fala de vida eterna pela ressurreição. As demais religiões e crenças asseguram a vida depois da morte, algumas religiões até estabelecem graus de evolução espiritual para se chegar à vida eterna como a reencarnação, o inferno, o paraíso e o céu.
Por isso que o provérbio popular “religião, política e mulher, não se escolhe, se abraça” ganha força cada vez mais, o homem crê pela fé, não que a religião responda às suas necessidades existenciais e espirituais. Todas religiões têm em comum chegar a Deus, Jeová ou Deus Pai e Filho e Espírito Santo, porém, os caminhos são diferentes.
O homem não entende essa história de “pecado original” que traz no nascimento e, é redimido com a morte. Ele não entende porque Deus permite o sofrimento, a dor, os conflitos existenciais, os desastres ambientais e o bem seja tão desigual. O homem não entende como Deus permite o sofrimento e a dor dos pequeninos e a morte prematura, às vezes, sinistra desses seres humanos pequeninos inocentes que nunca praticaram o mal, mas promoveram o bem em curto tempo na família. O poeta Leandro Gomes de Barros canta em seus versos, o mistério da vida, do pecado e do sofrimento: “Se eu conversasse com Deus”, Iria lhe perguntar: Por que é que sofremos tanto / Quando viemos pra cá? / Que dívida é essa / Que a gente tem que morrer pra pagar? // Perguntaria também / Como é que ele é feito / Que não dorme, que não come / E assim vive satisfeito / Por que foi que ele não fez / A gente do mesmo jeito? // Por que existem uns felizes / E outros que sofrem tanto? / Nascemos do mesmo jeito / Moramos no mesmo canto / Quem foi temperar o choro / E acabou salgando o pranto?...
Creio que o sofrimento humano não é permitido por Deus. Nenhum pai deseja o mal de seu filho: “Qual homem, do meio de vocês, se o filho pedir pão, dará uma pedra?” (Lucas 11, 9:13). Imagine leitor, se o nosso Pai celestial iria desejar o mal da humanidade, é que vivemos no “Mundo das Possibilidades” .Veja o livro de minha autoria: “O homem nasce para ser feliz?”, nós somos as nossas circunstâncias, independente de nossa escolha, tudo é possível.
Não sou adepto da teoria de Friederich Nietzsch do niilismo, que Deus não existe. Também, não somos frutos da evolução de Darwin, fomos criados por um Ser Superior, uma energia cósmica inteligente, onisciente, onipresente e infinita, porém, Ele fez o homem finito, termina com a morte: “Tu és pó e ao pó voltarás” (Gênesis:3:19), ou seja, a morte é o fim.
Tudo leva crer que não existe alma ou espírito independente do corpo, todos os fenômenos vitais desparecem com a morte. No Século XIX, Allan Kardeck fundou o espiritismo com base nos fenômenos das mesas giratórias. Hoje, a Parapsicologia explica de maneira científica todos esses fenômenos anormais. Padre Óscar González-Quevedo Bruzón, Padre Quevedo, ele explica em seus livros que, mediunidade é a capacidade que certos indivíduos possuem de converter sua energia em fenômenos materiais ou projetar no outro seu desejo inconsciente. Por exemplo, quem leu “Vozes do Além”, de Chico Xavier, os pais de um filho morto por acidente, “manifestou-se” e contou sua vida e que estava bem no além,.. Para o padre Quevedo, houve, apenas uma conexão entre as mentes, Chico Xavier captou as energias dos pais potencializadas e verbalizadas pelo filho morto.
Por isso, baseado na experiência e estudo, existe convicção formada, que por falta de fatos, de provas, que não existe vida eterna, o sujeito é sepultado ou cremado, decisão a priori, de acordo suas convicções religiosas em vida, então, é o fim da matéria e da consciência. Porém, isto não significa negar Deus, pois quando o homem nega (lógica reversa) o Criador, ele está afirmando sua existência.
Qual o papel da religião? A tradição religiosa, alimentar no homem a fé e a manutenção das obras religiosas, pois em Tiago (2:17 ), “a fé sem obras é morta". O cristão e o espírita acreditam na ressurreição e na reencarnação, movidos pela fé em Jesus Cristo e nos estudos mediúnicos de Allan KardecK. As demais religiões e seitas, também, o substrato da religião é a fé, a crença.
É dito que o apóstolo Paulo não conheceu Jesus Cristo pessoalmente, o conheceu misticamente pela fé, por isto, a Igreja o coloca, ao lado de Pedro, como uma coluna mestra de nossa fé.
Enfim, o mistério da Providência é conhecido pela fé. Não se nega a existência de Deus nem a narrativa religiosa, mas não existe nada que se conclua que a vida é eterna, somente, a crença religiosa.
"Todo o homem é mortal, Wilson é homem, logo, Wilson é mortal"
Autor: Rilvan Batista de Santana
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Membro da Academia de Letras de Itabuna ALITA.
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