Sempre gostei de ler e escrever. Na juventude, eu li Ernest Hemingway, Morris West, Sidney Sheldon, Fiódor Dostoiévski, Sartre, Machado de Assis, Euclides da Cunha, Drummond, Castro Alves, José de Alencar, Shakespeare, etc. Não os lia por obrigação, gostava de lê-los. No vestibular li por obrigação uns livros de autores portugueses e alguns autores brasileiros. Hoje, os jovens e muitos adultos não gostam de ler textos ou livros de conteúdo de “n” páginas, mas, mensagens de conteúdo exíguo no WhatSapp, “Instagram” e outras Redes Sociais.
Concomitante, gostava de escrever, no início, nos meus cadernos escolares ou papel pautado, depois com o tempo, adquirir uma máquina “Remington”, por fim, uma “Olivetti”. Era um péssimo datilógrafo, embora tenha estudado na escola do professor Leopoldo na Rufffo Galvão. Era péssimo datilógrafo, professor Leopoldo exigia que teclássemos com todos os dedos, porém, me sobressaia com os dedos da mão esquerda e um dedo da mão direita, consolei-me anos depois, quando notei que Jorge Amado usava método parecido.
Rasguei muito papel (não havia corretor, hoje, com o Word, o escritor corrige à bessa, quantas vezes forem necessárias), quando no término de um conto ou uma crônica ou uma carta, que não estava a contento, eu rasgava e começava tudo de novo. Não havia arquivo, com o tempo tudo era perdido, salvo, publicado em jornais ou editoras. Para escrever para jornais diários ou semanais, o sujeito teria que ser reconhecido como escritor, então, quando o diretor do jornal era seu parente.
Os parágrafos acima não justificam presunção de saber, contudo, demonstram que não sou um neófito da literatura, tenho certa trajetória como autodidata com as letras para afirmar sem demérito de ninguém que: “o atual modelo de literatura está esgotado”. Produzir literatura, hoje, comercialmente, não existe retorno financeiro, mas afetivo, realização pessoal. Monteiro Lobato foi sábio em seu pensamento: “O livro é uma mercadoria como outra qualquer; não há diferença entre o livro e um artigo de alimentação. Se o livro não vende é porque ele não presta”.
O livro não vende “é porque ele não presta”, não é verdade, é que o velho modelo de literatura está em extinção. Na época do barroco, do romantismo, do realismo, do modernismo, do início da era contemporânea, não havia outro meio de comunicação literária, senão, os periódicos, o teatro, os folhetins, as revistas e o livro físico.
Atualmente, existe uma enxurrada de meios de comunicação, mais sucintos, com narrativas, imagens e áudios em tempo real: “Videogames”, “Iphones”, “E-books”, e “Box – Apps no Google Play” Filmes Digitais”. “Histórias Infantis Digitais”. Os textos podem ser escritos em WORD e PDF com a condição de serem arquivados por “n” tempo.
Os livros físicos, nos dias atuais, se usam nas estantes para serem empoeirados ou ruídos pelas traças. As grandes bibliotecas os escaneiam, fotografam e ao invés de servir para um usuário para lê-lo, o livro serve para milhares de leitores com o uso dos downloads.
Que os escritores atuais me perdoem, mas existe um mercado inflacionado de autores, todo mundo quer ser poeta ou escritor, sem vocação, sem talento criativo, sem domínio do idioma e conteúdo literário supérfluo e esgotado, existe mais transpiração do que inspiração, ideias velhas em produções novas.
É de somenos importância escrever “n” livros, se não tem nada de novo, com exceção dos livros de pesquisa científica, feitos pra um segmento profissional. Hoje, a literatura tradicional está travestida no “Tik Tok”, “Kwai”, com histórias curtas, imagem e áudio. O gosto pela leitura tradicional desapareceu depois da INTERNET, de conteúdos virtuais digitalizados. Quem deixa de ler conteúdos simplificados no WhatsApp e outras Redes Sociais, para ler um livro físico de 200 páginas? Ninguém. E, ainda estamos no começo da tecnologia eletrônica virtual, daqui a 50 anos, não sei que, os técnicos e cientistas irão inventar, já deram um pontapé inicial com a “Inteligência Artitificial” que é usada na produção de textos avançados de tecnologia diversa.
Se algum recalcitrante me perguntar: “... não iremos mais fazer poemas, romances, crônicas e haicais, sabichão?” Responder-lhe-ei: “...Oh, filho de Toth, deus da escrita e de conhecimento, estou lhe sugerindo que se adapte à nova tecnologia, estamos no Século XXI o passado é História”.
Não adianta escrever “n” livros pra ser reconhecido como poeta ou escritor romancista. Euclides da Cunha se imortalizou com “Os Sertões”, Hemingway com o “Corvo”, Antoine de Saint-Exupéry com “O Pequeno Príncipe”, Kafka com “O Processo”, etc. Às vezes, se escreve demais, mas o livro não caiu no ⁷gosto do povo. O escritor tem que achar o veio da mina, nem todo mundo tem essa sorte.
Sem presunção de sabedoria, este texto tem objetivo dizer aos escritores de mais idade ou jovens que se não se adaptarem aos novos tempos, seu trabalho será esquecido na estante ou jogado no lixo. Hoje, a música, a escrita, as artes plásticas e outras manifestações culturais ou se adaptam às novas descobertas eletrônicas informatizadas, mesmo com qualidade, serão esquecidas nas ondas do tempo.
Autoria: Rilvan Batista de Santana
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Membro da Academia de Letras de Itabuna – ALITA
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