George Orwell foi um indiano inglês que escreveu “A revolução dos Bichos” e o romance “1984”, que estão atuais nos dias de hoje. Criticou o stalinismo e lutou contra a ditadura de Franco. Não tinha ideologia definida, mas sonhava com igualdade social e liberdade para todos os homens. O Grande Irmão (Big Brother), nos regimes totalitários, o homem vive sob permanente vigilância do poder.
Hoje, nós estamos sob a vigilância do sistema do “Grande Irmão” que está em todas as instituições, no sistema bancário, nas instituições de restrição ao crédito, nas redes sociais, nos sistemas eletrônicos e em todos os níveis de governo. Os nossos nomes foram substituídos pelos algarismos: CPF, RG, PIS, PASEP, etc.
Conheci “A” que fazia seu IRPF com “B” há muitos anos, soube depois que “C” lhe ofereceu o mesmo serviço de menos valor e a vantagem de usar artifícios fiscais, que “A” receberia o dobro da restituição. O artifício que “C” usou foi omitir uma fonte de renda de “A” pra pagar menos imposto, a Receita Federal descobriu, além de “A” não receber nenhuma restituição, pagou uma multa à Receita Federal enorme.
A Receita Federal, este ano, enviou para o contribuinte (pessoa física) o IRPF pronto: quanto ganhou, quanto pagou da escola do filho, as despesas de médico, de hospital, clínica, dentária, plano de saúde, financiamento, a relação do patrimônio móveis e imóveis, coube à pessoa física confirmar.
Os profissionais liberais não usam mais livros, tudo é através das plataformas e aplicativos específicos. O engenheiro civil, por exemplo, projeta um prédio através de aplicativo, desde a fundação até a posição dos móveis em cada apartamento. Os médicos não ficam atrás, a prescrição de remédios, os exames laboratoriais, as cirurgias, as ultrassonografias, as endoscopias, as radiografias, as cintilografias, tudo é informatizado. No futuro ninguém sairá de casa para ir ao médico, a telemedicina é um fato.
Os juízes não atendem mais presencialmente os advogados e seus clientes, as audiências são on-lines. Lembro-me que fiquei estupefato quando a mãe de um advogado disse que o livro, hoje, só serve pra ficar empoeirado na estante, que seu filho estuda os livros de Direito e, ele lê os processos dos seus clientes no seu notebook, enfim, que a biblioteca física é coisa do passado.
As operações policiais têm que ser feitas, agora, com as bodycams (câmaras) acopladas aos uniformes, não existe mais a palavra do bandido versus a palavra do policial. Decerto, diminui a violência arbitrária, porém, diminui a capacidade de iniciativa e inibe a autoridade do policial, pois, tudo está registrado no sistema da corporação militar.
As Redes Sociais expõem a vida de quase todo mundo, às vezes, o serviço de inteligência da polícia localiza o homicida, o delinquente e o fraudador pelas Redes Sociais. Não existe mais privacidade, liberdade de pensamento e opinião, o sistema rastreia as atividades de todos os indivíduos, inclusive, a prevenção de suas ações.
O “Grande Irmão” está em todo lugar, na escola, na rua (câmaras escondidas), no trânsito, nos legislativos, nos executivos, nas pequenas e grandes empresas, no Exército, na Marinha, na Aeronáutica, nas atividades culturais, nas atividades sociais, não existe nada escondido para o sistema. O sistema inibe a liberdade de pensamento e ação do presidente do país ao gari.
Um fato jornalístico na TV japonesa, a TV brasileira correspondente, retransmite-o em som, imagem e tempo reais. O mundo está integrado como uma grande teia de aranha, todos os pontos estão interligados num grande sistema de vetores e círculos.
O homem perdeu sua liberdade de agir e pensar que contrarie o sistema de justiça e poder. O homem contemporâneo pode ser comparado à marionete de cordéis invisíveis que o sistema o subjuga e controla.
Autoria: Rilvan Batista de Santana
Membro fundador da Academia de Letras de Itabuna – ALITA
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