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O inimigo secreto - R. Santana

          Nas festas de final de ano, os amigos, as empresas e as famílias organizam as festas de confraternização com a brincadeira do “amigo secreto”. Faz-se um sorteio entre amigos para troca de presentes. Cabe ao amigo comprar um presente para o amigo sorteado, geralmente, o presente atende às necessidades desse amigo sorteado ou seu gosto pessoal, a exemplo, se o amigo sorteado for uma mulher, não lhe apraz comprar uma cueca! É uma brincadeira do bem ao contrário do “inimigo secreto” ou “inimigo oculto” que é uma figura do mal.

          O inimigo secreto é um sujeito rasteiro, mau-caráter, egoísta, que não se importa destruir a vida ou reputação de alguém, O que move o inimigo secreto é a inveja, o desenvolvimento pessoal ou o sucesso do outro, diferente do inimigo comum que o rompimento duma amizade foi em decorrência de interesse antagônico de ambos, algum trauma físico ou psicológico. O inimigo comum é previsível, às vezes, o mal maior é o cerceamento da fala.

          Não se faz o inimigo secreto, ele se origina do lugar onde mora a maldade, seu foco maior é obstaculizar a vida pessoal e a carreira profissional do outro. O inimigo secreto é perigoso, ele o vê, enquanto o outro não o vê. Ele é um Judas Iscariotes, atrás de si, às escondidas, ele articula o seu mal e lhe vende por 30 moedas. Ele é como cobra venenosa, pica o viandante e desaparece na moita, ninguém mais a vê no emaranhado do mato. Quem irá encontrar uma cobra venenosa nos sulcos da terra coberta pela vegetação? Impossível.

          O inimigo secreto é comparado também ao “Grande Irmão” de George Orwell, o indivíduo fica sob constante vigilância do “Irmão mais Velho”. O “Grande Irmão” controla os passos do “irmão” mais novo, de quando em vez, derrama-lhe um saco de maldade.

          Não existe inimigo secreto do bem, mas, amigo secreto do bem. O arqui-inimigo, geralmente, é uma pessoa simpática, inteligente, articuladora, argumentos convincentes, influenciável, porém, falso, capaz de empenhar sua alma ao diabo para conseguir os seus objetivos rasteiros. Sua maldade é oculta, faz-se sempre de vítima, ele é capaz de disseminar a maldade no seu meio social que suas “fake news” ganham foro de verdade com o passar dos tempos. Quantos casos já ocorreram que alguém é imputado dum crime, sofre prisão, pena capital em alguns países, depois se descobre que o verdadeiro autor foi um inimigo oculto, às vezes, “amigo”, “companheiro” ou “irmão” da vítima.

          O inimigo oculto está em todo lugar: na família, no trabalho, no clube de futebol, no clube social, no condomínio, etc. O inimigo secreto é um sujeito sem escrúpulo, traiçoeiro, compulsivo, não tem consciência moral nem empatia, não é um criminoso comum, mas, é portador de transtorno de personalidade grave.

          O inimigo oculto, também se manifesta coletivamente, por exemplo, na política em que os partidários e os adversários espalham o ódio, a calúnia, a mentira e pautas nazi-fascistas ou pautas comunistas e gera no povo um sentimento de dúvida e medo. Nas redes sociais, os políticos e suas famílias são vítimas de calúnias, mentiras, imagens “montadas” e narrativas falsas. O inimigo oculto se esconde atrás de falsa mídia e some deixando destruição moral e física de políticos e seguidores.

          Esses agentes do mal não escapam à “Lei do Retorno”. Deus não castiga ninguém, pois, existe o perdão divino, pior que seja o indivíduo, não se esgota o perdão: “Mestre, quantas vezes devo perdoar uma pessoa que me ofende: até sete vezes?”. Essa pergunta é feita por Pedro, no evangelho de hoje, de Mateus 18,21-35. Jesus responde a Pedro: “não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete!”. Porém, a “Lei do Retorno” é energia que se volta à pratica do mal, se alguém pratica o mal, esta energia volta com maior intensidade para o autor da maldade.

          Portanto, o homem deve ter conduta ilibada, sempre andar no caminho e na prática do bem. Se alguém pratica dolo, crime, injustiça, não deve esperar o bem, mas o cumprimento da justiça, a justiça virá pra corrigir as injustiças, penalizar àquelas pessoas que vivem sob o guarda-chuva da maldade. O bem e a justiça prevalecerão para sempre.

          O mal não ficará oculto aos olhos de Deus. Se alguém pratica maldade e pensa que ficará impune, não conhece a força do bem, Deus é bondade e não Deus de maldade.

 

Autoria: Rilvan Batista de Santana

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Rilvan Santana
Enviado por Rilvan Santana em 14/10/2022
Alterado em 14/10/2022


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr