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No último dia 15 de outubro, Paulo Freire, “Patrono Educação Brasileira”, foi o cientista pedagogo mais lembrado no dia do professor, claro, não poderia ser diferente. Eu sou admirador de sua “Pedagogia Crítica”, lamento que a esquerda brasileira o explore politicamente de maneira escusa, de má fé, em sua “Pedagogia do Oprimido”.
Acho que Paulo Freire se igualou na teoria da aprendizagem e metodologias educacionais aos pensadores pedagogos mais notáveis da pedagogia mundial: Vygotsky, Emília Ferrero, Piaget e Wallon e David Ausubel da Nova Escola, etc. A teoria de Paulo Freire é estudada na Alemanha, Inglaterra, Espanha, França e outros países europeus e América do Sul.
Por estrito cumprimento de dever profissional, quando no exercício do magistério, eu tinha a obrigação de estudar (eu fiz pós-graduação em Psicopedagogia), essas teorias de desenvolvimento cognitivo e psicológico, desenvolvimento de aprendizagem e interação social do sujeito. Porém, na minha prática pedagógica de 34 anos em vários colégios de Itabuna, notadamente, o CEI e o IMEAM, eu usei como regra os princípios: respeito ao sujeito da aprendizagem, valorização ao conhecimento trazido pelo sujeito de seu meio ambiente físico e social e o significado do conhecimento adquirido no seu dia a dia e o domínio do conteúdo.
O respeito ao outro é fundamental na assimilação de conhecimentos novos. Se o orientador (professor) não respeita o seu educando, não lhe dá condição de exercer seu senso crítico na apreensão de novos conhecimentos, o subestima, às vezes, o humilha com apelidos depreciativos, jamais haverá interação entre o sujeito e o objeto do conhecimento.
Explorar o conhecimento trazido do educando, seu saber adquirido, sua prática no exercício de suas atividades diárias fora da escola, é fundamental. Ninguém é a “tabula rasa” de John Locke, por mais ignorante que seja o indivíduo, ele tem alguma história pra contar, ele sabe o que é certo e errado, ele sabe discernir o bem e o mal.
O significado do conhecimento é condição sine qua non para aprendizagem, se o assunto não tem significado para o sujeito, ele decora, não aprende. O caso mais emblemático é do físico alemão Einstein que não se relacionava bem com os professores de sua época. Naquele tempo, os professores não gostavam de questionamento, magister dix et dix. Einstein não aceitava empurrar o objeto da aprendizagem goela adentro sem questionar, a priori, seu significado e origem. Para David Ausubel: "O fator isolado mais importante que influencia o aprendizado é aquilo que o aprendiz já conhece".
O domínio do conteúdo, também, é condição necessária para que o mestre seja respeitado pelo discípulo. O professor é obrigado dominar o conteúdo além do Google. O professor não dá segurança ao aluno se ele claudica no conhecimento. Quando estudante do curso “científico”, em tempos idos, nossa turma foi contemplada com o professor “X”, de Física. Ele não tinha nenhuma aptidão matemática, certa feita, caiu um problema de (10)³.(10)².(10)² = (dez elevado à sétima potência), ele desdobrou: 10x10x10x10..., até 10.000 (dez mil), o cálculo ia bem, mas, quando aumentava o produto, o professor “X” se perdia, principalmente, com a algazarra da turma, cada aluno dava uma resposta diferente, ele pegava sua pastinha, simulava dor de barriga e sumia, os alunos lhe apelidaram de professor “chabu”...
O meu primeiro emprego de professor foi no “Colégio Diógenes Vinhaes” na cidade de Itajuípe. Bati na porta dos colégios de Itabuna, mas, face ainda não ter o curso superior completo - 2º. Ano de Filosofia. Fui à cidade vizinha procurar emprego sem apresentação, na cara de pau, soube que o diretor do Diógenes Vinhaes era o juiz de direito da cidade, Dr. Orlando Pereira, que me deu à incumbência de orientar Biologia nos cursos “Científicos” (médios) e no 4º. Ano de Ginásio (9ª. série), OSPB, foram 2 anos de muito estudo e aprendizado. Eu saí de lá para o Colégio Estadual de Itabuna – CEI e o Instituto de Educação Aziz Maron – IMEAM.
Fui um bom professor quanto ao conteúdo, quanto ao meu compromisso com o meu educando e exemplo de vida fora e dentro da escola. Em 34 anos de magistério, nunca fui chamado pelos diretores para correção de conduta ou desleixo profissional, tanto que, fui assistente administrativo, coordenador de área de matemática, vice-diretor e diretor geral.
Alguns anos depois de aposentado, eu recebi a homenagem "Mérito Educacional - FTC, em reconhecimento prestados à Educação Grapiúna, 16 de outubro de 2019". Esta homenagem foi uma indicação de Eliane Solino e Ana Carolina Almeida. No mesmo ano de 2019, no dia da cidade, recebi o título de "Cidadão Itabunense", pela "Câmara de Vereadores de Itabuna", pelos serviços prestados na área de educação do município.
Por onde passei, comprometi-me com a função, a honestidade e a ética, nunca respondi por desvio do dinheiro público em inquérito administrativo. Quando diretor de colégio, não roubei nem deixei roubar.
Hoje, agradeço a Deus por ter me dado à oportunidade de trabalhar com mentes humanas por mais de 3 décadas. Acho que, com humildade, perseverança e respeito ao outro, eu contribui para formação moral, intelectual e consciência cidadã de milhares de educandos.
Decerto, não existe uma missão maior neste mundo que ser professor. D. Pedro II, disse que se não fosse imperador, gostaria de ser professor. No Japão, o único vivente que o imperador se curva para cumprimentar é o professor.
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Autoria: Rilvan Batista de Santana
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