Não me lembro que se no ano de 1971, 1972 ou 1973, que estive em Ferradas, bairro distante da cidade de Itabuna com o candidato a prefeito José Oduque Teixeira. Naquela época, o administrador de Ferradas era Domingos Farias, que, também, pleiteava um assento na Câmara Legislativa de Itabuna.

Oduque gostava de prestigiar e ser prestigiado pelos potenciais vereadores àquela legislatura, por isto, eu e Domingos Farias percorremos várias ruas de Ferradas como candidatos ao legislativo e, ele ao executivo de Itabuna.

Lembro-me que subimos ladeiras e descemos ladeiras, entramos em becos e saímos de becos, percorremos ruas, caminhos, veredas, sítios e chácaras daquela comunidade, nos apresentando aos moradores como candidatos eletivos. As ruas não eram muitas e a população cabia na praça do bairro.

Todos os encômios, adulações, aplausos, elogios e lisonjas eram para Oduque e sobravam um pouco para o administrador Domingos Farias. Eu não fui bem recebido pelos ferradenses, aliás, com razão, eles nunca me tinham visto na feira-livre vendendo maxixe.

Porém, o mais desagradável para mim estava por vir: o almoço do anfitrião e candidato Domingos Farias não saía... Oduque me chamou para que fizéssemos uma merenda num barzinho da praça. Ele pediu uma “Tubaína” e 2 (duas) bolachas de “milho” para que saciássemos a nossa fome. Uma hora depois, fomos chamados para o almoço pelo administrador da terra.

Jamais esquecerei o constrangimento daquele almoço, pois, quero ver o diabo em pessoa que comer uma cebola ou um pedaço de alho. Acredito que por falta de outros ingredientes, a cara metade de Domingos Farias encheu a panela de pedaços de cebola e alho. Não foi fácil, toda a garfada vinha cheia de cebola, educadamente, eu fazia que comia...

Naquele dia, eu descobri o que é ser “mão de vaca” e Oduque beirava à mesquinharia, à miserabilidade, eu acredito que também passou fome, ele não tinha necessidade nem estômago para comer lavagem.

O castigo veio a cavalo, eu fui eleito o mais jovem vereador daquela época, no governo Dr. Simão Fiterman, enquanto Oduque teve que esperar por mais 4 anos e Domingos Farias não sei que fim levou.

Hoje, Ferradas é quase uma cidade, tem todas as condições materiais para ser independente. Suas ruas são asfaltadas, serviço bancário, posto de saúde, serviço de água, luz, telefonia e moradias modernas, comércio forte, jardins e uma população boa, inteligente, inúmeros intelectuais e ciosa para construir seu destino.

Autoria: Rilvan Batista de Santana
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