“Sim!?” ou “Não!?” - R. Santana
É assim que o inquisidor torquemada da CPI, o senador Renan Calheiros, pergunta quase gritando aos seus depoentes. Esse sistema binário usado pelo senador, contribui para contradição, essa lógica de “Sim?” ou “Não?”, induz ao erro. O saudoso senador Jarbas Passarinho, presidente da CPI do “ORÇAMENTO”, dizia que se o sujeito não justifica sua narrativa após uma pergunta capciosa com as respostas “Sim?” ou “Não?”, ele se incrimina de qualquer jeito, veja o exemplo: “O senhor ainda bate em sua mãe?”, se ele responde: “Sim!”, ele ainda bate na mãe, mas, se ele responde: “Não!”, é que batia e deixou de bater, principalmente, se a pergunta foi feita sob forte pressão psicológica e sem o depoente justificar.
Essa CPI da Covid-19 já recebeu vários nomes pejorativos: CPI da cloroquina, CPI do ódio, CPI do circo, CPI da vergonha, etc., etc. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), foi quem teve a inciativa de apurar as omissões do governo federal e a falta de oxigênio em Manaus. O senador Girão (Podemos-CE), solicitou à comissão ampliar o inquérito para os estados, os municípios e o Distrito Federal, notadamente, os governadores e os prefeitos que tiveram ações da PF para apurar os desvios de recursos da União. Porém, pela Constituição Federal, não se pode convocar governadores nem prefeitos, mas convidá-los, ou seja, eles não podem ser indiciados, salvo, pela justiça e legislativo dos seus estados e municípios.
Hoje, a população não xiita está ciente que o objetivo da CPI é “sangrar o presidente até seu último suspiro”. Rejeitaram o tratamento e a orientação precoces, além da restrição profissional dos médicos e a censura do off label. Claro, nenhum médico quer responder um processo no CRM. Alguns integrantes da CPI, acusam o presidente de negacionista e negligente na compra de vacinas, mas não analisaram as circunstâncias, daquela época, para adquirir a Corona Vac ou Pfizer ou outra vacina. O presidente estendeu o auxílio emergencial para milhões de brasileiros e não apoiou o lockdown e comprou mais de 500 milhões de vacinas para serem entregues até o final do ano.
O relator não irá relatar pela obra, mas pelos detalhes da obra, é como se alguém analisasse um quadro de Van Gogh e se prendesse aos detalhes da moldura. Além do consenso de todos integrantes da CPI que o relator, a priori, já fez sua peça acusatória ao presidente Jair Bolsonaro.
Não se compreende uma CPI para apurar as omissões do governo e a falta de oxigênio em Manaus, que possui na Comissão, membros sem princípios éticos e morais. Segundo os principais meios de comunicação, o senador Renan Calheiros e o senador Omar Aziz e família respondem a processos na justiça do estado amazonense e no STF. O fato é que ali não tem inocente, porém, políticos que enriqueceram e se locupletam, diuturnamente, dos recursos públicos, desvios na saúde, na infraestrutura, na educação, na segurança, enfim, nas hostes dos governos municipais, dos governos estaduais e governo federal.
Segundo os experts em política partidária e ciência política, essa CPI surgiu para trazer à tona senadores que estavam na obscuridade política, um palanque a nível nacional, pois o próximo ano é de eleição. A maioria tem pretensão de alçar voos aos governos dos seus estados e até presidente da República. Sem escrúpulos, eles buscam rasteiramente, encontrar um culpado para morte de quase 500 mil pela pandemia do coronavírus.
Quando dava forma a este texto, o deputado federal Capitão Wagner Souza Gomes (Pros-Ceará)), levou ao conhecimento dos seus colegas, no plenário da Câmara Federal, o abuso de autoridade do senador Omar Aziz (PSD – AM), que em plena sessão, chamou de “oportunista”, o senador Eduardo Girão. O capitão Wagner insinuou ainda que o presidente da CPI-COVID-19, foi acusado de pedofilia, por ter passado uma noite em orgia com menor de idade. Bem, são acusações sérias que devem ser resolvidas pelos envolvidos e pelo judiciário. Se faz necessário dizer que essas questões particulares não interessam ao povo, interessa sim, a solução da pandemia.
Não se pode tripudiar em cima dos mortos, isto é que os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI, estão fazendo sem respeitar os sentimentos dos parentes das vítimas, notadamente, eles têm de forma tendenciosa politizado a pandemia para atender aos seus desejos escusos. Ninguém de fato tem interesse resolver o problema da Covid-19, porém, eles usam essas mortes por motivação política.
Os epítetos desairosos sobre a CPI não constroem, porque o nosso inimigo comum é o vírus. Neste momento de morte da Covid-19, é contraproducente a politização política dessa doença. Se os membros da CPI quisessem, realmente, diminuir as mortes, eles teriam que promover ações em todos os níveis de governo, com ações sanitárias, infraestrutura de saúde, tratamento e orientação precoces e vacina para o povo e não ficarem procurando um culpado pelos efeitos dessa pandemia.
Porém, essa CPI se transformou num “Tribunal de Inquisição”, uma CPI do horror, pelo tratamento que dispensa aos seus convocados ou convidados. O constrangimento, a falta de respeito, o cinismo, o arbítrio, o satanismo, a ousadia e a falta de educação que tiveram com as médicas Nise Yamaguchi e Mayra Pinheiro serão páginas indeléveis da história das comissões parlamentares de inquérito.
Rilvan Batista de Santana
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