A ALITA ESTÁ INTUBADA NA UTI SEM OXIGÊNIO
(10 anos de marasmo e desconstrução)
Fernando Henrique disse certa feita que as pessoas esquecessem o que ele tinha escrito, eu não tenho a estatura intelectual do ex-presidente, todavia, gostaria que as pessoas queimassem tudo que escrevi, quando passar daqui pra lá, certamente, não fará falta aos leitores inteligentes. Por exemplo, o texto abaixo em negrito, reflete um instante que gostaria de ter apagado e não mais circulasse no GOOGLE, não pela instituição acadêmica que pertenço, mas, por ter convivido com algumas pessoas que não mereciam os encômios que escrevi neste texto.
“ALITA foi parida, veio à luz, numa das salas da FICC, às 9h, no dia 19 do mês de abril do ano cristão de 2011, e acalentada nos braços dos preclaros Cyro de Mattos, Dinalva Melo, Ruy Póvoas, Antônio Laranjeira Barbosa, Marcos Bandeira e outras mulheres e homens de expressão literária da terra do cacau.
Este “escrevinhador”, o segundo filho de dona Leonor, também estava lá; não com a mesma competência obstétrica dos demais confrades, mas com o mesmo desejo de vê-la nascer com saúde para que daqui a alguns anos, perambule e troque ideias com suas irmãs gêmeas neste país de Drummond, Cora Coralina, Aluísio de Azevedo, Adonias Filho, Amado Jorge (perdoe-me o trocadilho), João Ubaldo Ribeiro, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Guimarães Rosa, o mulato Lima Barreto, dentre outros, e o nosso mais louvado escritor, jornalista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, poeta e crítico literário, o mulato, Joaquim Maria Machado de Assis de registro de nascimento e “Machado de Assis” para o povão." Rilvan Santana - membro fundador da ALITA.
Fui um dos fundadores da Academia de Letras de Itabuna – ALITA, apadrinhado pelo ex-juiz Marcos Bandeira, em 19 de abril de 2011. Não o conhecia pessoalmente, acho que me indiquei pelas minhas produções que enviava, com frequência, por e-mail, para escol intelectual da cidade itabunense.
O nosso primeiro encontro foi nas dependências da Fundação Itabunense de Cidadania e Cultura – FICC. Naquela época, o escritor Cyro de Mattos era o seu presidente. Foi um encontro com homens e mulheres da cultura e arte de Itabuna. Nesse encontro, discutimos o nome da futura academia e saímos dali com a diretoria formada (Marcos Bandeira - presidente e fui indicado para segundo tesoureiro, com o afastamento de Gustavo Fernando Veloso, fui alçado à primeira tesouraria até o fim dessa diretoria). A escolha dos patronos, patronesses, Regimento e Estatuto ficaram para as sessões subsequentes.
O período administrativo à frente da ALITA de Marcos Bandeira foi produtivo, significativo, escolhemos os 40 membros com os seus patronos e patronesses, aprovamos e registramos em cartório o Regimento e o Estatuto – surpreendi-me no site da entidade, estão: “página em desenvolvimento”.
Hoje, a ALITA está intubada e morrerá por falta de oxigênio, diferente de sua congênere AGRAL. A entidade perdeu a aura intelectual, não mais produz, não faz lançamento de nenhuma obra, foi esquecida da comunidade, seus membros estão dispersos e seu site é repositório das obras e divulgação do escritor Cyro de Mattos. Aliás, este senhor converteu-se na eminência parda da entidade de letras e artes desta terra que já foi do cacau: indicou a maioria dos membros da entidade, inclusive, os membros correspondentes, tomou conta da revista e do site e foi buscar nas terras de Adonias Filho, Itajuípe, em detrimento das sumidades intelectuais de Itabuna, a presidente atual da Academia de Letras de Itabuna – ALITA.
Quando ajudei fundar a academia, movia-me o desejo, não de imortalidade temporal, pois a própria entidade é efêmera, nesse mundo das letras poucos são as páginas perenes, poucos são os Machados de Assis, os Lima Barreto, os Dotoievski, os Antoine Sant-Exupéry, os Kafka, os Monteiro Lobato, etc. Motivou-me colaborar nas letras itabunenses e estimular o surgimento de novos valores na arte e na literatura, que a entidade se tornasse de utilidade pública e reconhecida pelos órgãos do governo.
A AGRAL completou, também, 10 anos de existência na semana passada com nova diretoria, novos programas culturais e grande manifestação na mídia e coesa. No site da ALITA, uma homenagem pálida, sem robustez, homenagem manifesta para comemorar os 10 anos da entidade: Tica Simões, Ruy Carmo Póvoas e Carlos Eduardo Passos, intelectuais de escol, mas, sem fôlego pela idade decrépita, incapazes de soerguer a entidade cultural itabunense que se encontra agonizando.
Para se administrar qualquer entidade: cultural, científica, religiosa, sindical, empresarial, pública, etc., é condição sine qua non, necessária, que o gestor agregue, lidere, sozinho, ninguém é capaz de levar um projeto adiante. As personalidades egoístas não solidárias, não generosas, sem empatia, devem ser dirigidas e não dirigir.
Marcos Bandeira foi substituído no ano 2013 pela ex-juíza Sônia Carvalho de Almeida Maron na condução da ALITA. A ex-juíza teria tudo pra fazer um bom trabalho, contudo, foi envolvida pela influência tendenciosa do escritor Cyro de Mattos. Ele assumiu a revista Guriatã e o site, além de ampliar os membros correspondentes e preencher as vagas da entidade com pessoas que não preenchiam os requisitos necessários de um acadêmico, apaniguados, apenas, para fortalecer sua ascendência nas decisões da diretoria da entidade literária.
Fui o único que se insurgiu contra seu despotismo acadêmico. Incomodava-me o site da ALITA e a revista "Guriatã" fossem privilégios de poucos. O senhor Cyro de Mattos privilegiava a divulgação dos ensaios enfadonhos dos apaniguados à criatividade dos que não lhe puxavam o saco, além dele tomar todos os espaços da revista e do site com sua literatura. Fui alijado da entidade acadêmica e fui admoestado na mídia com “Manifesto de Desagravo” em 10. 03. 2017 e depois de afastado, mas ativo, no “Dia dos Pais”, 08.08.2020, fui homenageado pelo escritor Cyro de Mattos com o conto mal-ajambrado intitulado: “O Terrorista Cultural”, cujo objetivo foi desqualificar-me socialmente e me colocar a pecha de sujeito perigoso, pavio curto...
Neste dia, 19 de abril de 2021, a ALITA não tem nada pra comemorar, sim, lamentar os rumos de condutas centralizadoras e egoísta de alguns dos seus membros. A entidade ao invés de evoluir, ela parou no tempo e quase extinta no objetivo que foi criada. Nesses 10 anos, ela não tem sede própria, não é de utilidade pública, não fez nenhum lançamento de livro (exceto as produções de Cyro de Mattos), não presta serviço pedagógico nas escolas, não é reconhecida pela comunidade itabunense, publica a revista esporadicamente, não tem conta bancária e seus membros foram dispersos e descompromissados.
A ALITA necessita de oxigenação, de renovação, de pessoas independentes e ideias novas. A academia não pode e não deve ficar à mercê de pseudos-medalhões, de pessoas egoístas, autoritárias, gente sem empatia, pessoas que usam a academia para enriquecerem suas biografias. Uma academia democrática que todos tenham direitos e deveres, sem privilégios, sem formação de grupo, sem sectarismo, não tendenciosa, uma academia que atenda às necessidades acadêmicas, não de um membro em particular ou de .grupo.
Enfim, já disse em outro texto que a ALITA ressurja das cinzas assim como a “Fênix”. Hoje, ninguém fala de nossa academia. Que seja reconhecida como de “utilidade pública”, assim estará qualificada para receber ajuda de todos os níveis de governo, celebrar contratos, desde o governo municipal até o federal. Desejo que surja uma liderança com empatia, agregadora, generosa e intelectualmente honesta para que a ALITA cumpra seu papel cultural na comunidade de Itabuna”. Rilvan Batista de Santana, São Caetano, Itabuna (BA), Brasil.