O poder corrompe o homem (II) - R. Santana
O poder corrompe o homem (II)
R. Santana
Há duas semanas, eu fui convidado pelo vizinho para um café da manhã que prestigiava um pré-candidato a prefeito de Itabuna. Pensei não ir, mas, não poderia fazer essa desfeita ao vizinho. Faz algum tempo que não milito partidariamente na política. O pré-candidato já foi prefeito e fez um bom trabalho, além de não ter enriquecido no cargo, saiu com o mesmo patrimônio que entrou. As más línguas dizem que ele não roubou, todavia, deixou roubar, pois sua “bagagem” não era confiável no trato dos recursos públicos.
Embora ele seja muito simpático comigo, toda vez que me encontra, trata-me com certo apreço, como cidadão itabunense (título que fui honrado pela Câmara Municipal no dia 25.07, do ano em curso, graças aos meus amigos Val Cabral e o vereador Júnior do “Trator”), gostaria que a política de Itabuna fosse renovada com novos líderes, aqui, é lamentável que são os mesmos líderes políticos há 40 anos. A cidade regrediu no tempo. Hoje, Itabuna é cidade que já “teve” ou, já perdeu: fábrica, hospital, ginásio de esporte, estádio, maior comércio do Sul da Bahia, colégio, shopping popular, maior polo produtor de cacau do mundo, etc., etc.
Político é um cão que não larga o osso. Hoje, a cantilena é que as prefeituras estão falidas, os estados estão falidos e a União é deficitária, mas, os políticos profissionais não largam o osso depois que comeram o filé-mignon, desviaram os recursos públicos e corromperam e foram corrompidos. Alguns energúmenos e aqueles que vivem à sombra do poder, mamando nas tetas dos governos, transferem as mazelas históricas para certos partidos políticos, porém, roubar recursos públicos neste país é sistêmico, é cultural, o povo corrobora: “rouba, mas faz”.
O povo é cúmplice desses maus políticos. Alguém já disse que o eleitor brasileiro não sabe votar. O eleitor elege e reelege esses maus políticos sempre, são eleitores “encabrestados” financeiramente ou afetivamente. Claro, que não se pode generalizar, contudo, faz-se necessário que os eleitores brasileiros passem por um longo aprendizado para saber escolher e atinjamos a cultura cidadã dos países mais ricos e civilizados do planeta.
Exemplo emblemático é o nosso presidente, vereador, 7 vezes deputado federal (baixo clero), filho senador, filho deputado federal (possível embaixador nos EUA), filho vereador, ou seja, todo mundo mamando e fazendo queijo canastra com o leite da vaca brasileira de úbere inesgotável. Essa família com tantos anos de poder, dificilmente, não corrompe ou não é corrompida pelo sistema político e pelo poder econômico, é notório o caso do “investidor” Fabrício Queiroz de Flávio Bolsonaro. Também, é lamentável que o “mito” Bolsonaro que se elegeu com o discurso de moralidade pública, dos bons costumes, de anticorrupção, de combate ao nepotismo, meses depois, indique um dos filhos, sem carreira diplomática, para embaixada do país mais poderoso do planeta, flagrante indiscutível de nepotismo.
Aqui, também, não existe renovação na política há 40 anos, os principais líderes políticos são os mesmos: Geraldo Simões, prefeito 2 vezes, deputado federal, deputado estadual 2 vezes, ex- presidente do PT local e secretário de estado; Fernando Gomes, prefeito 5 vezes, 3 vezes, deputado federal e corre à boca pequena que ambos são pré-candidatos para eleição de prefeito de 2020.
Alguns eleitores fazem comentários velados quanto à faixa etária do prefeito Fernando Gomes, particularmente, eu acho a idade de somenos importância, Konrad Adenauer governou a Alemanha Ocidental (antes da derrubada do muro), até aos 90 anos de idade e, o generalíssimo Francisco Franco, a Espanha, com mais de 80 anos de vida, enquanto na América Central, Fidel Castro governou Cuba por 49 anos e morreu no poder com 90 anos de idade.
Por isso, para evitar a corrupção, o nepotismo, a sinecura, as falcatruas, os vícios e artifícios em nossa política, urge a necessidade duma reforma da Lei Eleitoral vigente, que a figura da reeleição no executivo seja extinta, quiçá, que os mandatos dos legisladores, também, sejam regulados, que a reeleição do vereador, do deputado estadual, do deputado federal e senador, não seja sem limite, emprego vitalício.
O povo tem que saber escolher, escolher com discernimento, sem paixão, não eleger herói com os pés de barro e rabo de palha. Delegar poder a alguém é temerário, arriscado, pois, nós, eleitores, estamos entregando ao outro o nosso destino e, Abraham Lincoln advertiu o homem há 2 Séculos, que: “... se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder”.
Extingamos de vez o estigma que o eleitor brasileiro não sabe votar, que vota com paixão, movido por interesse pessoal, não visando o bem comum, principalmente, as políticas públicas prementes que atendem às demandas comunitárias e sociais. Que não sejamos obtusos, que não endossemos o pensamento de Guerra Junqueiro: “Um povo imbecilizado... Uma burguesia cívica e politicamente corrupta até a medula”.
Enfim, o voto é um instrumento democrático para promover mudanças políticas e sociais. Na "urna", o voto de "Zé Mané" é igual ao voto do presidente Toffoli. Só existe corrupto por que há do outro lado o corruptor, não seja cúmplice dessa vergonha nacional que traz malefícios a todos, portanto, valorize o seu voto que é a manifestação material de sua consciência.
Autor: Rilvan Batista de Santana
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