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Revirando o baú da ALITA - R. Santana

Há 06 anos, no dia 14 de junho de 2013, na sala da ALITA, numa discussão acalorada e democrática, insurgir-me com o grupo que monopolizava, naquela época, o site da academia. Insurgir-me contra a hipocrisia, a demagogia, a dissimulação e os artifícios que a direção desse site usava para contemplar, somente, as divulgações e as produções literárias de alguns membros em detrimento daqueles que não eram amigos do egrégio diretor da revista "Guriatã", o escritor Cyro de Mattos, ou, não menos famosa, a presidente da Academia de Letras de Itabuna - ALITA, Dr.ª Sônia Maron.

Não é verdade que solicitei que todos tivessem, individualmente, a senha desse site institucional, todavia, meu pleito foi pra que cada membro tivesse sua página com senha individual, que é diferente, eles confundiram alhos com bugalhos, conforme o texto (abaixo) de advertência escaneado do original. Será que os acadêmicos Merval Pereira, Fernando Henrique Cardoso, José Sarney, Ana Maria Machado e Marco Lucchesi e Nélida Piñon irão submeter, a priori, seus textos ao diretor do site da ABL para serem ou não publicados? Evidente que não, cada um tem sua página pessoal para publicar suas produções, é prerrogativa do diretor do site da instituição administrá-lo para que essas produções não tenham um viés pessoal ou ideológico que destoem das normas regimentais, jamais impedir-lhes - segundo Caetano Veloso: "...é proibido proibir."

Outra inverdade é a afirmação: “... que todos os presentes sentiram-se atingidos pelo seu comportamento intempestivo, agressivo e descortês”. É verdade que, eu senti-me acuado, desprestigiado, alijado, porém, em toda minha vida, eu soube respeitar os meus superiores hierárquicos, notadamente, se o meu superior é uma mulher, nunca me faltaram respeito e gentileza no trato com as mulheres. Evidente que me irritei, mas dentro da tolerância não do desrespeito, ademais, na primeira oportunidade que tive, eu pedi desculpas aos membros da academia em plenário.

A advertência protocolada, abaixo, ainda me recomendava, sob ameaças regimentais que não publicasse nenhuma pauta e convite da ALITA, mesmo com a melhor da intenção, isto é, um ato de censura, cerceamento e autoritarismo explícitos, resquícios de tempos idos, tempos de atos discricionários.

Hoje, os tempos são outros, veja o exemplo do STF que voltou atrás com as revistas e sites da CRUSOÉ e ANTAGONISTA. Além disto, recebo por e-mail, com frequência, da Academia de Letras da Bahia – ALB, informações e convites para serem publicados no Saber-Literário que em nome da cultura literária e da ciência, eu estou sempre disponível.


Eu não me quedei nem aceitei ser censurado, amordaçado, continuei a criticar as mazelas da ALITA, já que me excluíram das reuniões da plenária. Uma das mazelas que eu criticava era a falta de comunicação da entidade, até hoje, ninguém conhece a ALITA, não tem penetração na comunidade itabunense, quase que não tem serviço prestado (exceto, as "Rodas de Leitura" na Escola Pio XII e no Instituto Municipal Teosópolis, em 2018, pelas abnegadas confreiras Lurdes Bertol e Raquel Rocha), não é presença nos eventos literários e outros eventos públicos, não é reconhecida por Lei como entidade de utilidade pública, etc. Naquela época, o site parecia um obituário, só dava notícia de morte, pra piorar, as mensagens póstumas ficavam dias na primeira página do site, afora isto, o site servia para publicar os textos requentados do escritor Cyro de Mattos sobre futebol ou seus poemas insossos do Rio Cachoeira.


A sanha, a ira e o ódio desses senhores não pararam nessa ADVERTÊNCIA PROTOCOLADA, no dia 10 de março de 2017, fui exposto, denegrido, alijado e achincalhado, publicamente, em sites e semanários da terra com um famigerado “MANIFESTO DE DESAGRAVO”. Este manifesto surgiu pelo desejo e articulação dos confrades Cyro de Mattos e Sônia Maron, face às mazelas da entidade que continuei a criticar através do Saber-Literário.

Dentre aleivosias e acintes que eu li no “Manifesto de Desagravo”, destaquei em negrito: “... não surgiu para abrigar figuras inexpressivas em seu quadro, nem ser um clube de serviço onde circule o elogio fácil e o alimento da vaidade"; "... não se trata de um valhacouto de idosos como ofende injustamente o acadêmico inconformado e blogueiro Rilvan Batista de Santana”.

No primeiro destaque, os signatários discriminam-me pejorativamente quando se refere à finalidade da ALITA: “Não surgiu para abrigar figuras inexpressivas em seu quadro, nem ser um clube de serviço onde circule o elogio fácil e o alimento da vaidade”. No segundo destaque, os confrades subscreveram em algo que nunca falei ou escrevi: “Não se trata de um valhacouto de idosos como ofende injustamente o acadêmico inconformado e blogueiro Rilvan Batista de Santana”. Jamais iria afirmar que a ALITA é um refúgio de velhos, pois, eu também sou idoso, além de ter tido uma educação com significativos princípios morais, éticos e religiosos, sempre respeitei o outro.

Os confrades foram incoerentes quando me deram o apodo de “figura inexpressiva”, pois, eu fui indicado por alguns próceres para ser um dos fundadores da academia de letras itabunense. Se fui indicado para configurar entre esses notáveis, é que tenho algum gosto literário, portanto, deixo de ser uma pessoa inexpressiva para ser um igual dentre os confrades alitanos.

Porém, far-se-ia justiça se nesse manifesto não fosse embasado no ódio e na retaliação, mas na verdade, que as minhas críticas não eram para denegrir a entidade, sim, para que ela fosse reconhecida pela comunidade e todos os seus membros tivessem igual assento.

As minhas atitudes desencontradas com os próceres da academia decorreram das minhas boas intenções de vê-la na liderança da cultura itabunense. Acho que divulgar suas ações e feitos contribui para seu reconhecimento comunitário, porque a academia é uma entidade literária e não uma entidade mística fechada, pitagórica, maçônica.

Embora as academias brasileiras sejam instituições privadas, isto é, não estão sob a égide do estado, elas se fazem necessárias transparentes, de visibilidade pública, porque elas sobrevivem com a contribuição dos seus membros, doações particulares e verbas públicas.

Hoje, até as sessões do STF e outros órgãos de poder são transmitidas pela TV aberta e pelo rádio, a exemplo do Senado e da Câmara Federal. A palavra de ordem dos dias atuais é: transparência! A transparência embasa-se em ações democráticas, por isto, a transparência de uma entidade pública, deve estar ao alcance de pessoas interessadas.

Faz-se necessário que o presidente duma academia de letras deve ser escolhido não entre os mais renomados, os mais criativos, os mais notáveis, os mais produtivos intelectualmente, os "medalhões", mas entre aqueles que sabem administrar conflitos e respeitar diferenças, dentre aqueles de bom senso cartesiano. O dirigente duma entidade que sobram cabeças pensantes, ele deve ser firme, independente e, sem autoritarismo.


Suponho que esse texto de advertência protocolada, deve ter sido escrito pelo escritor e babalorixá Ruy Póvoas, pois em sua introdução esbanja Leon Tolstoi, digressões sobre o belo, a flora e a fauna, coisas de somenos importância para se admoestar um colega de entidade literária - cultura inútil! Com devida vênia, sugiro ao ilustre escritor (se o texto não foi de sua autoria, ele foi um dos signatários), que noutra oportunidade, seja mais técnico, mais objetivo e, menos escorregadio. Outro fato que me chamou a atenção, é que os ilustres escritores Ruy Póvoas, Gustavo Veloso e Carlos Eduardo Passos, que subscreveram essa abjeta advertência, eles não estavam no dia da controvérsia.

Alguém me perguntou por que voltar a esse assunto? Respondi-lhe que há um ditado popular que diz: “Quem bate esquece, quem apanha não”. Afora isto, hoje, eu tenho compromisso ético com a academia, não, compromisso de amizade com esses senhores, salvo, se eles tivessem a grandeza moral de reconhecer que foram intolerantes, egoístas e injustos, que me deixaram marcas na alma.


Eu nunca vou esquecer dos momentos não dormidos que passei, a humilhação, a rejeição dos confrades, as explicações repetidas que tive de dar aos meus amigos e conhecidos para justificar as minhas boas intenções, que não sou mau caráter nem mal-educado e agressivo com ninguém, principalmente, com as senhoras e as senhoritas. Além disto, foi um bom motivo, naquele momento, para que os meus "inimigos" explorassem por algum tempo em sites e jornais, o mal-estar que causei na entidade, embasados nas afirmação textuais desses confrades signatários.

Também, jamais vou esquecer do encontro que tive com a professora Silmária Oliveira, recém eleita presidente da ALITA, no Shopping Jequitibá, quando lhe fiz uma carta para voltar frequentar às reuniões da academia e tive como resposta: "Que não iria me sentir bem no grupo", e a prof.ª Lurdes Bertol ainda acrescentou que um dos confrades condicionou: "Ele ou eu!" Mesmo lhe disponibilizando uma pasta com mais de 20 documentos digitados de minha atuação na ALITA, eu saí dali mais decepcionado e humilhado que antes, lamentei ter tomado àquela reaproximação, de acreditar nos sentimentos bons das pessoas.

Hoje, 14 de junho de 2019, eu comemoro 6 anos de desencontros e frustrações de acadêmico da ALITA, que modestamente ajudei fundar e fui seu primeiro tesoureiro por 2 anos. Espero que antes de passar daqui pra lá, alguém menos presunçoso, menos egoísta, mais grandioso, mais generoso, agregador e menos medalhão, ele restabeleça o meu status quo dantes. na primeira academia de letras itabunense.

Enfim, invocando o poeta Mário Quintana, quando rejeitado para Academia Brasileira de Letras - ABL: - Todos esses que aí estão atravancando meu caminho. Eles passarão... Eu passarinho! Rilvan Batista de Santana, São Caetano, Itabuna (BA), 14 de junho de 2019.


Rilvan Batista de Santana

R. Santana


Post Scriptum:

Para que este artigo não ficasse enorme, achamos conveniente não anexar os textos: ADVERTÊNCIA PROTOCOLADA nem o MANIFESTO DE DESAGRAVO, se necessário, temos os originais.

Fontes:

1) Arquivo do Saber-Literário, 2) "Advertência Protocolada" e 3) Manifesto de Desagravo (10.03.2017)








 
Rilvan Santana
Enviado por Rilvan Santana em 28/05/2019
Alterado em 28/05/2019


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr