Feira Livre - R. Santana
São Caetano
A feira livre é a maior expressão de cultura popular. A feira livre tem literatura de cordel, grafiteiros, CDs e DVDs de todos os cantores, de todos os gêneros, além de DVDs de histórias infantis vendidos nas barracas: Chaves, Chapolin Colorado, Chapeuzinho Vermelho, João e Maria, Os Três Porquinhos, Pinóquio, Rapunzel, Frozen e todas as histórias dos irmãos Grimm, filmes policiais, cowboys e filmes românticos.
A feira livre do São Caetano, bairro da cidade de Itabuna, talvez, seja a maior feira livre do interior da Bahia, mais que as feiras de Alagoinhas, de Feira de Santana, de Santo Antônio de Jesus, de Vitória da Conquista, pois ela é permanente, de Segunda-feira a Domingo, inclusive, feriados e dias santos.
A feira livre do São Caetano, certamente, não é maior do que a Feira Central de Campina Grande, nem a feira livre de Caruaru, a maior feira ao ar livre do Brasil, mas tem tudo pra chegar lá.
A feira livre são-caetanense está situada numa área de mais de 20.000 m², suas bancas e barracas são distribuídas pelas ruas: Cosme Damião, São João, Potomiano, as transversais, e, a praça Dr. Simão Fiterman. Ela possui uma área coberta com estrutura de zinco e “metalon galvanizado”, onde ficam os restaurantes, os bares, os pequenos frigoríficos, os açougues, as mercearias, as barracas de farinha e, no entorno, lojas de roupa, mercados, lojas de calçado, armarinhos e oficinas de conserto e venda de celulares e acessórios eletrônicos.
Os feirantes de frutas e verduras usam ao longo das ruas para distribuir suas bancas. Ali, o fereiro encontra tomate, berinjela, abobrinha, pepino, pimentão, manga, morango, açaí, jaca, mamão, coco verde, coco seco, todo o tipo de banana, limão mirim, limão rosa, todo tipo de laranja, pera, uva, maçã, jambo, etc.
A quantidade de verduras e legumes é grande: brócolis, cará, couve, feijão, jiló, maxixe, nabo, salsa, alho, cebola, cebolinha, mostarda, taioba, salsão, repolho, espinafre, grão-de-bico, lentilha, milho verde, amendoim, quiabo, cenoura, batata doce, batatinha, aipim, inhame, rúcula, agrião, e, um sem número de verduras e legumes.
As barracas de bolo de aipim, de puba, de beiju, de milho, doces e guloseimas saciam os pirralhos. Os adultos preferem as frituras: os pasteis, os quibes, as coxinhas e batatas fritas e acarajés. Ali, na feira livre do São Caetano, não faltam sucos de acerola, de limão, de laranja, caldo de cana e água de coco.
Quando é meio-dia, os empregados de lojas e mercados vizinhos correm para os restaurantes da feira livre caetanense e existe ali uma variedade de comidas para todos os gostos e preços. Claro que no cardápio não há filé mignon assado ou à parmegiana, mas carne no feijão, farofa amanteigada, dobradinha, ensopado, carne suína, carne de carneiro, feijão tropeiro, churrasco, caldos, arroz e macarrão.
Nos dias de sábado e domingo, a frequência é de mais de 10.000 fereiros, do centro da cidade itabunense, de outros bairros, de outras cidades, de quando em vez, turistas de outros estados ou de outros países. O enxame de gente é grande. Quando a feira é pra perto, usa-se a galinhota como meio de transporte, quando a feira é levada para outros bairros ou o centro da cidade, o fereiro mais aquinhoado usa o automóvel e o pobre vai de buzu.
A partir de Sexta-feira, as entradas das ruas e as transversais são fechadas por bancas de pequenos agricultores que descem de suas roças em animais com caçuás repletos de verduras e frutas, alguns alugam camionetes porque grande é a quantidade de produtos agrícolas.
As donas xepas deixam para ir à feira livre quando restou, somente, ao feirante, sobras de verduras ou de frutas e a queda dos preços se faz necessária, segundo a “Lei da Oferta e da Procura”, os produtos não perecíveis, a exemplo de farinha, do coco verde, do coco seco, dos óleos de coco e dendê, as carnes acomodadas em frigoríficos, as carnes salgadas e alguns cereais não vão à queima, ficam para final de semana vindoura ou vendido durante a semana.
As carnes são variadas: carne fresca de boi, carne de frango in natura, frango e galinha caipira vivos, carne de porco, carne de carneiro, dobradinhas, caças, jabá e carne-de-sol, além de peixes de todas espécies, caranguejos, camarões e pitus.
Os furtos e os roubos não prosperam, embora os produtos sejam cobertos por lonas plásticas e amarrados em suas bancas com cordas de “nylon”, de segurança vulnerável. Porém, a organização do feirante mantém vários vigilantes armados que rondam a feira livre toda noite, impedindo assim, as ações de meliantes.
O fato de barracas fixas, pouco e pouco, elas são usadas como moradia e lugar de perdição, corrupção e vícios.
A feira livre são caetanense não é contemplada como deveria ser com medidas efetivas do governo municipal de saneamento (fica à beira de um canal de esgotamento sanitário), limpeza e organização: o canal urge cobertura, a limpeza deveria ser diuturna, as barracas padronizadas, fiscalização e normas duras de higiene com o objetivo de evitar os desleixos e a falta de consciência comunitária da maioria dos feirantes.
Enfim, mazelas corrigidas, a feira livre do São Caetano, bairro itabunense, é a maior e mais atrativa do interior baiano, lá tem tudo, não levará tempo, o fereiro aquinhoado irá encontrar “stands” de venda de carrinhos de bebê, de motos, de bicicletas, de automóveis, de tratores e caminhões.
Autoria: Rilvan Batista de Santana
Membro efetivo da Academia de Letras de Itabuna
Licença: Creative Commons
Imagem: Prefeitura notifica feirantes no São Caetano
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Foto: Gabriel de Oliveira