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Pedantes das letras - R. Santana

Pedantes das letras - R. Santana
 

Eu já disse algumas vezes que não sou escritor, mas sou leitor contumaz, leio tudo que vejo, até bula de remédio, quando eu era jovem, os meus contemporâneos me chamavam de “homem do livro”, pois sempre levava a tiracolo um livro, uma professora da terra, deu-me o apodo de “homem pensante”. Hoje, com os cabelos encanecidos e o peso da idade, aprendi ser mais seletivo: dispenso as futilidades.

Itabuna é terra de grandes poetas e escritores. As crônicas de Marília Benício dos Santos e Francisco Benício dos Santos, não são crônicas, são poemas de doçura e realidade em forma de prosa. Os versos de Jasmínea parecem ingênuos, mas são fontes de inspiração do belo. Valdelice Pinheiro outra poetisa que explora a estética das coisas, seus versos desmistificam a metafísica, a filosofia. Ninguém contou melhor a História de Itabuna, que José Dantas de Andrade, “Dantinhas”, e Adelindo Kfoury. Helena Borborema colocou no papel o cotidiano de sua terra como ninguém. Firmino Rocha e José Bastos foram gênios da palavra versada. Telmo Padilha alçou voos internacionais... Jorge Amado e Hélio Pólvora dispensam loas porque são conhecidos e reconhecidos como escritores, aqui, ali e alhures.

Adonias Filho, Florisvaldo Mattos, Aleilton Fonseca, Sósigenes Costa e Euclides Neto, embora eles não sejam deste chão, têm uma ligação profunda com nossa gente, é como de Itabuna, eles fossem.

Hoje, a nossa terra tupiniquim não tem representatividade literária estadual e nacional só em sonho. Temos mais pedantes das letras, que talentos da criatividade, da imaginação, da erudição, muitos aparentam ter conhecimentos que não possuem na realidade. É comum, ostentarem nas Redes Sociais seus codinomes: “João Poesia”, “Graça Poeta”, “Elza Trovadora” e quando eles assinam um texto de crônica ou receita de bolo, a presunção não tem tamanho: “João de Mattos, advogado, é poeta e escritor, é membro titular da Academia de Letras da Conchinchina e do Penta Clube de Poetas de Macau. Primeiro Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Hong Kong. Um dos idealizadores da Academia de Letras de Oiapoque, 50 livros publicados, 10 infantis, traduzidos na Alemanha, Itália, França, Espanha, EUA, etc.”

Os escritores e os poetas talentosos jamais se darão ao ridículo dessas baboseiras, dessas propagandas enganosas. Ninguém leu textos de José Saramago, Machado de Assis, Jorge Amado, Adonias Filho, Gabriel Garcia Marquez, Drummond, ou, outros talentos da poesia e da prosa com esse arrazoado de títulos.

Dois próceres de nossa terra, em tempos diferentes, disseram-me: “Rilvan, a filha de minha esposa que mora na Alemanha, percorreu bibliotecas e livrarias para comprar um livro do escritor “JM”, em vão, debalde...” então, “Estive na Itália para um encontro de espíritas, procurei entre os autores brasileiros, um livro de “JM”, mas não o encontrei...”, ou seja, o preclaro escritor se preocupa mais com o falso marketing do que com o conteúdo de sua “obra”.

Acredito que depois dessa febre de cultura inútil dos WhatsApp, dos e-mails, das mensagens rápidas de vídeos, do excesso de informação instantânea, o povo irá se conscientizar que o uso indevido da mente em que o homem não pensa, mas “vomita” a informação elaborada por outrem obscurece o conhecimento e num futuro não muito longe, seremos massa de manobra de quem pensa, do “Grande Irmão”. Aí, o homem irá valorizar a imaginação, a criatividade, a produção elaborada, não, o cotidiano fútil.

Enfim, a contragosto (não gosto de usar o que o outro pensou), transcrevo para os pedantes da letras, os presunçosos da arte e do conhecimento, um pensamento que li em “Apologia de Sócrates”: “... desqualificar a sabedoria e o comportamento do que apregoavam certo domínio intelectual, e mostrar que a presunção de ignorância e a desconfiança são princípios básicos de qualquer tentativa de conhecimento - senão o mais importante de todos os saberes.”



Rilvan Batista de Santana

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Nota Editorial:

 
Para justificar nossa crônica dos "Pedantes das Letras", ao fechar a página inicial, li por acaso, uma matéria num blog literário que em 10.03.2017, se prestou, sem ética, publicar um manifesto de desagravo da ALITA, com calúnias e desídias a mim, um dos signatários e líder desse aludido manifesto, foi o escritor Cyro de Mattos, que de maneira competente faz marketing de suas produções de escritor e sucesso editorial, que se diz conhecido, aqui, ali e alhures. Segundo o escritor, o "Centro Lusófono russo prepara antologia de contos brasileiros que incluirá o escritor Cyro de Mattos”. Será que é verdade? Ou, será mais uma propaganda enganosa? Qual é o site deste Centro Lusófono Russo? Que é de o e-mail que lhe faz inclusão e o ato público desse Centro Lusófono? Quais as provas de 12 livros no exterior e as editoras, desse senhor? Quais as entidades e os meios de comunicação que publicaram essa iniciativa do Centro Lusófono? Que é de o edital? Ninguém leu ainda seus livros no exterior, pelo menos não se tem referência, eu e meus leitores estamos ansiosos e queremos provas!...
Viola de boca é fácil de se tocar! Uma coisa é certa: o Sr.º Cyro de Mattos é mestre em alijar  e desqualificar quem não lhe "puxa o saco"... Ele conseguiu me expulsar da ALITA, academia que ajudei fundar e prestei por dois anos, o trabalho honesto de  primeiro tesoureiro.

 
 
 







 
Rilvan Santana
Enviado por Rilvan Santana em 27/01/2018
Alterado em 01/02/2018


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr