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Beethoven R. Santana

Beethoven
R. Santana

O leitor atento irá dizer que a escolha do título “Beethoven” foi sugestiva. Negar que o título desta história não é sugestivo seria subestimar a sabedoria do leitor, todavia, uma verdade se impõe: “Beethoven” é uma homenagem ao pai de Ludwig van Beethoven Suker e Suker. O velho não tirava um acorde de violão nem de instrumento qualquer, mas lia e ouvia músicas de Beethoven, Mozart, Strauss, Rossini, Chopin, Vivaldi, Tchaikvsky e outros deuses e semideuses da música clássica e era aficionado por Ludwig van Beethoven, músico e compositor alemão. E a Nona Sinfonia sua música xodó.
Portanto, querido leitor, não houve nenhum dolo, não houve má fé, nenhuma propaganda enganosa, nenhum artifício para lhe iludir na leitura de “Beethoven”. No máximo poderei ser imputado de culpa de lhe tomar o tempo para ler uma história cotidiana de casal não resolvido. E, esclarecido os considerandos, que eu não lhe movi nem incutir, não tive má intenção, a leitura deste texto ficará por sua conta e risco, é que lhe convido para os finalmentes:
- E aí Beethoven, tudo bem?
- Não, não está tudo bem Ralph!
- Sua aparência cansada lhe denuncia...
- Estou tão mal assim, meu amigo?
- Suas olheiras... Não tem dormido!?
- É Jade...
- Ela está doente?
- Doente?
- Sim!
- Não, não, ela está muito bem...
- Quê houve? – Ralph suspeitava o que houve, pois em várias vezes presenciou as brigas de ciúme de Beethoven e Jade, porém, deixou que o amigo abrisse a boca e o coração. Espirituoso, gozador, Ralph não gostava de se envolver na briga do casal, aprendeu desde cedo, que em “briga de casal não se mete a colher”, principalmente, Beethoven e Jade.
- A mulher está com ciúme de Toya!
- A secretária?
- Sim!
- Hum!... Hum!... Hum!...
- Desembuche homem!
- Jade tem razão!
- O quê? Você também!?
- Um “Boeing” daquele toda esposa fica enciumada!...
- Ralph, eu sou família! – fez uma pausa e continuou:
- Quem inventou casamento, meu amigo!? Deus é solteiro, o papa é solteiro, os padres são solteiros, os monges budistas são solteiros, o Dalai Lama é solteiro, até o Diabo não se casou, portanto, casamento civil é coisa de homem... – Ralph o interrompeu:
- Beethoven, o casamento começou com Adão e Eva. Hoje, além do casamento de homem com mulher, homem casa com homem, mulher com mulher...
- Ralph, casamento hetero é complicado, imagine casamento gay, estas relações são espúrias e não têm as bênçãos de Deus. A sociedade, meu amigo, está podre!... – Ralph cutucou:
- E Jade!?
- Deus me perdoe, às vezes, sinto inveja de Elize Matsunaga do caso Yoki! - Completou:
- Gostaria de cortar Jade e a mãe dela em pedacinhos... – Rachid, outro amigo de ambos, que presenciava discretamente o diálogo até aquele momento, interfere:
- Beethoven, eu sei que você não tem a coragem de Elize Matsunaga, mas se é do seu desejo, eu dou um jeito! – Beethoven empalideceu...
- Pelo amor de Deus Rachid, é de boca pra fora, não alimente pensamentos ruins! – Jade surge não se sabe de onde, beija-o e o abraça:
- Vamos pegar Zaisse na escola? – Beethoven não responde, despede-se dos amigos e sai de mãos dadas com a mulher. Ralph não se conteve:
- Rachid que negócio é esse de “eu dou um jeito”!? Maluqueceu, homem de Deus?
- Quanto tempo conhece o casal?
- Faz muito tempo!
- E ainda não se acostumou com a descaração desse par de jarros?
- Ainda não!
- Estar explicado...

Autor: Rilvan Batista de Santana
Licença: Creative Commons
Rilvan Santana
Enviado por Rilvan Santana em 10/05/2013
Alterado em 10/05/2013


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr