A face obscura do homem - Armadilha do destino (Capítulo 17)
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Armadilha do destino
Os dois homens se encontraram na rampa que dava acesso ao navio por acaso, pareciam irmãos gêmeos. A pele, a altura, os cabelos, os olhos, a idade e os traços fisionômicos pareciam moldados na mesma forma. Poderiam ser irmãos de verdade se um não fosse de Caxias do Sul, gaúcho e filhos de alemães, e, o outro, joinvillense e filhos de pais italianos, além do fato que os seus pais nunca foram próximos nem no Brasil nem nesses países de origem. Coincidência!...
Em comum, naquela viagem, é que ambos tomaram um navio do “Lloyd” brasileiro em Florianópolis e desembarcariam em Salvador, daí em diante, ambos pegariam um navio da “Companhia Baiana de Navegação”, o gaúcho iria pra Porto Seguro e o catarinense iria para Ilhéus, cidades do Sul e extremo Sul da Bahia.
Porém, na rampa do navio do “Lloyd”, o mal começou tomar conta do bem por algum tempo, mas não por todo tempo, com a carteira que caiu do bolso de um dos passageiros:
- Senhor!!!
-Sim!?
- Sua carteira!. – o outro tomou um susto, bateu a mão no bolso, realmente, lhe faltava a carteira.
-Oh!... Obrigado. – completou:
- Se eu estivesse como Honório de Machado de Assis, jamais a teria de volta!
- O senhor é advogado?
- Sou. Não me chame de senhor, afinal, parecemos ter a mesma idade!?
- Completei 35 primaveras, faz pouco!...
- Não me diga?... Completei este mês, também, 35 anos de vida! – O advogado lembrou-se de um detalhe:
-Aliás, ainda não nos apresentamos! – o outro estende a mão:
- Apolinário Gaiardoni, padre diocesano!...
-Padre!? Ah, Ah, Ah... Agora, sei que este casco velho não vai afundar!... – e acrescenta:
- Hans Manfred Spitznamen, seu criado!...
- Alemão?
- Não. Filho de alemães!...