A face obscura do homem - Queixas embaixo dos lençóis (Capítulo 16)
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Queixas embaixo dos lençóis
Ao contrário de Messalina, Clô estava cansada e saciada. Cada dia, Apolinário a sentia mais gulosa de sexo. O pudor que ostentava no dia a dia, desaparecia na cama com o padre, uma desavergonhada... Alegava que o marido lhe deixava carente, que só tinha olhos, ultimamente, para sua amante, o que não era verdade no todo, José Maria era um garanhão, um macho sedento de sexo, as mulheres do Sport Bar, tinham-no como um dos melhores clientes, tanto no bolso como na cama, porém, Clô tornava-se cada vez mais arredia com o marido, os pretextos eram os mais diversos, desde uma simples dor de cabeça à menstruação.
Foi naquele clima de sexo que Apolinário, reprimido por necessidade e estratégia, queixou-se do seu marido:
- Amor, ele é uma pedra no sapato! – Clô fez-se desentendida:
- Quem, coração?
- O seu marido!
- Deixe-o pra lá, ele é advogado, polêmico, são recursos dialéticos!...
- Suas perguntas são capciosas, às vezes, indiscretas!
- Coração, não se queixe, tenho lhe socorrido nos apuros!
- Obrigado. Mas se tiver gente de fora, suas perguntas ardilosas irão me desqualificar, não é?!
- Use o contra-argumento inteligente, coloque-o contraparede, se necessário, use sofismas de pouco alcance para o leigo, pesquise perguntas ardilosas de sua profissão, não deixe que ele tome o seu fôlego, controle os seus impulsos, use uma dialética inteligente! – Apolinário a escutava boquiaberto, dia a dia se surpreendia com Clô, embaixo daquela máscara de poucos amigos, escondia-se uma amante que lhe proporcionava prazer nunca tido, além de uma inteligência emocional singular, não lhe deu resposta, puxou-lhe com jeito, penetrou-a com volúpia e se algum desavisado passasse ali no quarto, ouviria os gritos lancinantes de dona Clô:
- Mais!... Mais!... Mais!... Meu padreco!... Meu padreco!... Meu gostoso!... Fo... Fo... foda sua puta!...