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VASSOURA DE BRUXA

VASSOURA DE BRUXA
R.Santana

Não tenho um pé de cacau, entretanto, não deixei de ficar indignado com a manchete do jornal AGORA, edição de 22 a 24 julho do ano em curso, que diz: “Dia de Luto do Cacau”. Ali o jornal discorre sobre o encontro de lideranças políticas e produtores de cacau no viaduto Paulo Souto, entroncamento da BR – 101 com a BR – 415, onde se concentraram mais de 10.000 pessoas (segundo avaliação da polícia), cobrando do Ministério Público e da Polícia Federal, investigação e punição dos envolvidos, se constatado o crime de terrorismo biológico, denunciado pela revista Veja, em que o Sr. Luiz Timóteo, réu confesso, num descargo de consciência afirma que um grupo de funcionários de ideologia petista “xiita” da CEPLAC, dolosamente disseminaram o fungo da vassoura-de-bruxa em nossa região com a intenção de destruir a centenária lavoura do cacau, provocando assim um caos em nossa economia regional cacaueira, geradora de milhares de empregos e riquezas do Sul da Bahia, afora ser o cacau uma potencial e promissora lavoura na região amazônica.
Dentre todos os pronunciamentos feitos pelas autoridades presentes, o mais comedido e objetivo foi sem dúvida o do prefeito Fernando Gomes, que num gesto de grandeza, isentou de culpa o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (naquela época distante do centro do poder), porém, cobrou da CEPLAC como órgão do governo federal, a apuração dos fatos e a punição de alguns dos seus servidores. Salientado ainda, que a CEPLAC é imprescindível para região como órgão fomentador de pesquisa, extensão e ensino. Não seria producente, também, para os produtores e o povo da região, uma campanha difamatória daquele órgão federal e uma política indiscriminada de caça às bruxas, que prejudicaria e estigmatizaria injustamente a maioria laboriosa dos funcionários ceplaqueanos, comprometidos com a informação e a implementação permanente de técnicas genéticas e de cultivo que melhorem a qualidade e a produtividade dessa lavoura.
Há pessoas que comparam esses grupos políticos tupiniquins de ideologia radical aos hezbollah, aos xiitas, aos terroristas de Osama bin Laden e tantas outras facções extremadas do Oriente Médio. Acho uma comparação historicamente exagerada e pretensiosa. Os nossos ideólogos “xiitas” não possuem embasamento teórico, não têm causa política e religiosa, não possuem caráter beligerante, alguns deles apenas possuem um pálido projeto de poder a exemplo daquele engendrado e formatado pela antiga cúpula palaciana do PT, com o concurso do valérioduto e deputados corruptos. Acho que eles não passam de oportunistas políticos que a história tem demonstrado que quando assumem o poder se locupletam de todas as benesses e vantagens que o poder lhes oferece. Suas brilhantes teorias de vida solidária, panacéia de todos os problemas do povo, não passam de um exercício intelectual para atingir os seus interesses escusos.
Deixando de lado essas conjecturas ideológicas e políticas, gostaria de perguntar se esses malfeitores do cacau não sentem crise de remorso? (um egrégio intelectual itabunense disse que “ideologia não tem lugar para remorso”, concordo, mas o sujeito como agente da ação, tem remorso, tem medo, tem discernimento, salvo, se ele for portador de alguma patologia mental), eles não têm consciência que foram os responsáveis pela miséria e o ostracismo de muitos pais da família? Deles terem forçado a migração dessa gente sofrida para as periferias das cidades numa vida de promiscuidade e miséria, alguns desses trabalhadores, hoje, fazem da rua o seu habitat permanente? Que a região cacaueira empobreceu como um todo? Deles terem semeado o ódio e o rancor? Deles terem tirado a esperança e o desejo de viver de muitos dos nossos irmãos nordestinos? Todas essas perguntas ficarão sem respostas porque a maldade é sorrateira, não tem face, como uma erva daninha se alastra com tal velocidade que nem sua constante incineração e o uso dos mais nocivos herbicidas conseguem eliminá-los para sempre.
Se este fato novo for verídico, o Ministério da Fazenda, da Agricultura, do Planejamento e os bancos oficiais terão que reavaliar os financiamentos e os refinanciamentos do cacau. Muitos desses produtores tornaram-se confessos inadimplentes, sem condições de honrar seus compromissos, alguns por incapacidade gerencial, outros, por conta do caos de informações técnicas depois que grassou pela lavoura do cacau a vassoura-de-bruxa. Fazendas que produziam milhares de arroubas de cacau, foram convertidas em pastagens, em hotel-fazenda, pesque-pague ou lavouras de menor expressão comercial.
Enfim, quero lhe convidar, não para fazermos uma campanha de caça às bruxas, acusar pessoas sem provas, mas, para formarmos uma corrente (passando este e-mail para outras pessoas), cobrando da Polícia Federal, do Ministério Público, da CEPLAC, uma resposta do que realmente ocorreu. Se esses fatos têm origem eleitoreira, circunstanciais, oportunistas, devem sofrer o mesmo repúdio da sociedade pela sua abjeção, todavia, se realmente fomos vítimas dessas cabeças doentias, que a sociedade responda e expurgue esses criminosos do seu seio, colocando-os nas mãos da justiça, que é o lugar próprio para aqueles que produzem crime contra o povo. Parodiando o grande Euclides da Cunha, diria: não existe na sociedade contemporânea um Maudsley para punir os crimes e as loucuras da humanidade...


Autor: Rilvan Batista de Santana

*Este artigo foi escrito faz algum tempo. Serve como fonte de pesquisa, pois muita gente afirma que a vassoura de bruxa foi trazida pelo pessoal interessado em provocar uma crise econômica no Sul da Bahia, com uma doença endêmica na lavoura do cacau.

 
Rilvan Santana
Enviado por Rilvan Santana em 20/08/2012


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr