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Sócrates, Maomé e Cristo

Sócrates, Maomé e Cristo
R.Santana


Não queremos neste texto, tecer tendências religiosas e filosóficas. São três marcos exponenciais da humanidade, Queremos, apenas, provocar sua capacidade intelectual e perguntar-lhe, eles tiveram algo em comum?...
Sócrates nasceu em Atenas no ano 470 a.C., filho duma família aristocrática, foi aluno de Anaxágoras, combateu intelectualmente os sofistas (mestres do saber que transitavam em todas áreas do conhecimento. Tinham por mister a profissão de ensinar aos jovens de ricas famílias, cobrando vultosos estipêndios), por suas qualidades mercenárias e enciclopédicas de transmitir o saber.
Sócrates foi o divisor entre o pensamento filosófico da Grécia antiga e o pensamento filosófico a posteriori. Era irônico, usava o diálogo como instrumento infalível de externar o seu pensamento e o meio mais acessível à análise e à construção de novos conceitos científicos. Tinha um método especial de ensinar aos seus discípulos: a maiêutica, processo dialético e pedagógico que consistia levar o sujeito descobrir e formular seu próprio pensamento e à descoberta de novos conhecimentos.
Sócrates não se preocupava com os princípios da natureza, mas com o sujeito do conhecimento, suas atitudes e o seu comportamento diante da vida e do mundo. Por isto, seus ensinamentos permanecem atuais, suas máximas mais comuns são: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo de Deus.”, “Sábio é aquele que conhece os limites da sua ignorância.”: “A ociosidade é que envelhece e não o trabalho.”: “É melhor fazer pouco e bem do que muito e mal”.
Era irônico nas respostas, quando perguntado sobre o que Heráclito escreveu (filósofo do ser e não-ser e que não nos banhamos duas vezes no mesmo rio, para explicar as constantes mudanças e transformações), respondeu: “Aquilo que consigo compreender é esplêndido, e acho que o que não compreendo também é”.
Sócrates morreu envenenado por cicuta, no ano 399 a.C., acusado pela aristocracia grega de corromper os atenienses, com críticas às crenças religiosas, às velhas tradições e aos costumes.
Maomé foi o maior profeta depois de Moisés e Cristo. Nasceu em Meca em 570 d.C., morreu em Medina no ano 532 depois de Cristo. Foi um líder político e religioso de enorme expressão histórica. Fundou o império árabe com a unificação de todas as tribos. Além disso, foi o fundador do Islã. Conta-se que quando tinha 40 anos foi visitado pelo anjo Gabriel que lhe mandou recitar versos mandados por Deus, quando ele meditava no Monte Hira. Esses versos deram origem ao famoso livro Alcorão.
Maomé não desprezava o cristianismo e o judaísmo. Ele dizia que tinha recebido de Deus, a missão de restaurar essas religiões que tinham se corrompido em seus ensinamentos.
Morreu deixando um legado político e religioso que ainda hoje, gera conflito ideológico entre os seus seguidores sunitas e xiitas. E os preceitos do Alcorão são tão importantes para o povo muçulmano quanto o cristianismo é significativo para o cristão.
Jesus Cristo, filho de Maria e de José, nasceu em Belém de Judéia (Miquéias 5:2), descendente de Jacó, surgiu na Galiléia e fez seu primeiro milagre na cidade de Caná da Galiléia (não sei se é mesma cidade do Líbano, duramente bombardeada, ultimamente, pelos israelenses na luta contra os hezbollah), morreu aos 33 anos de idade.
O Messias já tinha sido anunciado por diversos profetas como alguém especial, enviado por Deus para libertar o ser humano do “cativeiro do pecado”. Ele tinha a missão de sacrificar a própria vida por nós, um “Messias” prometido. Em Hebreus (9: 16,17), há referências que justificam sua morte: “... Porque onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador. Porque um testamento terá força viva onde houver morte, ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?”.
O cristianismo, hoje, divide o mundo. Somente os católicos somam um bilhão de fiéis. Cristo para os seus seguidores, é mais do que um profeta, é o filho de Deus que se fez homem para redimir os pecados do ser humano.
Traçamos o perfil acima de três figuras históricas com o cuidado de evitarmos qualquer tendência filosófica ou religiosa. Alguém poderá argüir-nos: então, qual foi o objetivo deste texto além das rápidas pinceladas biográficas? Poderíamos dar enésimas respostas. No entanto, queremos, somente, enfocar a força da palavra e das idéias e a curiosidade histórica comum dos nossos personagens: é que eles não escreveram uma linha. Embora Maomé tenha sido mercador em sua juventude, ou seja, tinha necessidade por força da profissão de calcular e escriturar seu comércio, no entanto, a história registra que ele era analfabeto. Sócrates era letrado e transitava com facilidade no conhecimento de sua época, porém suas idéias só chegaram até nós, por Platão, Xenofontes, Aristóteles e outros pós-socráticos de menor expressão. Jesus também tinha conhecimento das leis judaicas do Velho Testamento, e, há quem levante a hipótese dele ter estudado com os essênios. Há uma passagem bíblica dele escrevendo os pecados dos acusadores de uma prostituta pega em adultério. Há também, o fato dele ter exposto suas idéias por parábolas, uma forma intelectual elevada e sucinta de se comunicar. Seus ensinamentos foram escritos por Paulo, Lucas, João, Pedro, Mateus e outros discípulos e alguns historiadores romanos da época. Cristo não deixou uma linha escrita do seu punho.
Em comum: eles não gostavam de escrever!!!

Autor: Rilvan Batista de Santana
Academia de Letras de Itabuna - ALITA








 
Rilvan Santana
Enviado por Rilvan Santana em 22/07/2012
Alterado em 01/04/2023


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr