O pestinha
R. Santana
O diacho da criança não deixava a jovem mãe em paz na fila do caixa do mercado. Deveria ter no máximo uns dois aninhos de vida. Bulia nos doces, nos barbeadores, nos jornais, tudo que estava exposto à beira do caixa, de quando em vez berrava de choro a qualquer intervenção da mãe que lhe contrariasse.
Rechonchudo, cabelos loiros anelados, feições viçosas, um garoto bonito e saudável... Se o diabinho não fosse tão estripulento, dava-se gosto colocá-lo nos braços em aconchego.
De repente, uma senhora, atrás da fila, incomodada com as más-criações do fedelho, irrompe agastada:
-Moça, repreenda essa criança!... - a jovem mãe bufou:
-Quem é a senhora para me mandar ralhar com o meu filho?
-Desculpe-me moça. Apenas, pedi-lhe para conter os viços e as más-criações da criança...
O pestinha nem estava aí para o entrevero, pulava no carrinho-de-feira, esticava os cabelos da mãe e choramingava:
-Ma... ma... mamaaa... ma... ma... mamaaa!... – outra senhora da fila, menos refinada:
-Dê mama a esse pestinha para nos deixar em paz! – gritou.
Não houve morte nem ferido, os seguranças deram um basta no conflito, contudo, não foram diligentes suficientes para evitar que a mãe levasse uns bons tabefes das matronas que se uniram na desavença...
O fedelho alheio à briga, continuou berrando e choramingando:
-Ma... ma... mamaaa... ma... ma... mamaaa!...
Autor: Rilvan Batista de Santana
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Academia de Letras de Itabuna – ALITA
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