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A escola do futuro (II) - R. Santana

Há 7 anos, no dia 16 de abril de 2013, publiquei no blog de literatura “Saber-Literário”, uma crônica com o título: “A Escola do Futuro”. Na “Escola do Futuro”, eu teço considerações (exercício de futurologia) sobre a escola do Século XXI. Nessa crônica, sustento a tese que o advento da Ciência Informática, da Internet, de aplicativos e de redes sócias, a escola tradicional, sedentária, obsoleta, tenderá desaparecer e terá a mesma resistência que teve a “Escola Nova” de Paulo Freire, Vygotsky, Piaget, Wallon e Anísio Teixeira.
O coronavírus e a Covid-19, embora nefastos, o vírus e a doença produziram um “novo normal”. Logo depois de março, os governos dos estados impuseram à sua população, regras sanitárias e sociais, a exemplo do uso do álcool em gel, lavar as mãos com frequência, cuidados sanitários com as roupas e os sapatos e o distanciamento social, até o isolamento social para os idosos. Nesse conjunto de medidas sanitárias e administrativas, de todas as atividades humanas, a escola foi/é a mais penalizada, daí recorreram ao ensino e ao estudo online, notadamente, a escola fundamental (I e II) e a escola média.
Faz-se necessário dizer que o ensino à distância e à aprendizagem têm mais eficiência e qualidade que o ensino e a aprendizagem presenciais. As dificuldades são operacionais e logísticas, a maioria dos alunos não dispõe de instrumentos operacionais de aprendizagem como “Smartphone”, “Notebook”, “Tablet” e “Internet”.
No texto de 2013 da escola do futuro, eu sugiro que as escolas públicas e privadas, ao invés dum espaço físico (escola), mantivessem à disposição de sua clientela CENTROS DE CONSULTA E INFORMAÇÃO para dirimir dúvidas, alimentar feedback e promover interação social. A escola convencional não motiva mais o sujeito da aprendizagem do que a escola à distância que se descortina para os próximos anos como realidade irreversível.
Alguns pedagogos e psicólogos resistem ao novo normal e afirmam que o distanciamento social compromete a sociabilidade, o desenvolvimento afetivo e intelectual da criança, por isto, eles condenam o ensino online. Porém, a escola não é a única atividade que supre essas necessidades inatas do sujeito da aprendizagem e sujeito social, os parques de diversões, os museus, os teatros, os cinemas, a mídia, o esporte e atividades culturais diversas contribuem nas relações sociais, nas funções cognitivas e afetivas.
O ensino à distância contribuirá no planejamento educacional, com redução de despesas e aumento de receitas municipais e estaduais e federais. Os governantes ao invés de investirem em grandes espaços físicos com custo elevado de manutenção, investiriam em materiais informáticos e redes de Internet. Por outro lado, diminuiria os custos pessoais do alunado com transporte, fardamento, merenda escolar e tempo.

Com a violência que cresce dia a dia e a droga, o ensino à distância não extinguiria, mas reduziria esses males da sociedade atual com os indivíduos em casa. A violência e a droga não encontrarão ambiente fértil se a escola tradicional for extinta ou modificada estruturalmente.
Toda mudança tem resistência, antes da “Escola Nova”, valorizava-se o conhecimento mnemônico, isto é, o sujeito da aprendizagem não aprendia, memorizava, o conhecimento era “vomitado”, não havia espaço para o questionamento, a dúvida, a razão crítica de Kant, magister dixt et dix, muitos personagens históricos tiveram dificuldade de aprendizagem como discípulo, caso emblemático foi o de Einstein que seus professores colocaram em dúvida sua capacidade mental, hoje, é o pai da Física Moderna e da Teoria da Relatividade.
Por isso, sou um modesto defensor da escola online, é tempo de mudança, métodos e práticas obsoletas devem ficar no passado histórico. Urge a necessidade duma escola integrada aos novos conhecimentos científicos, às técnicas atuais, pois, todas as atividades intelectuais (direito, medicina, engenharia, etc.), já incorporaram essas novas tecnologias da informatização e da cibernética.

As maiores bibliotecas do mundo: Nacional do Brasil, The British Library, Congresso Americano, Shanghai Library, Pública de Nova York, embora possuam em seus arquivos, milhares de obras literárias e científicas e recursos visuais e audiovisuais, não têm a mesma praticidade e acesso das bibliotecas virtuais. O Google e a enciclopédia livre Wikipédia atendem às necessidades intelectuais e pesquisa, de estudantes, de profissionais liberais ou qualquer pessoa ciosa de informação e conhecimento.
Tivemos com a pandemia do coronavírus, o rompimento de modelos educacionais tradicionais e o acesso aos novos paradigmas escolares virtuais, porque é fato que o ensino à distância funciona e caberá às autoridades políticas executivas e pedagógicas, implementarem essas novas tecnologias e ajustarem as condutas de pessoas envolvidas.
Não será um processo rápido a escola online e escolas ligadas à web, conservadores radicais lutarão para manutenção do status quo atual, todavia, serão vencidos pela ciência, aí, teremos a escola do futuro.



Autoria: Rilvan Batista de Santana

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Rilvan Santana
Enviado por Rilvan Santana em 12/12/2020
Alterado em 12/12/2020


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr