Textos


Carta para Maria Clara - R. Santana

Estimada amiga:

Não aguento mais essa loucura do vírus chinês. Minha amiga, antes que os comunistas digam que os coronavírus nasceram com o mundo (que o chinês não o criou em laboratório), um “sexto sentido” insiste dizer-me que esse coronavírus da COVID-19, foi geneticamente modificado por algum cientista maluco lá da China. Não obstante a velharia chinesa morta, um tiquinho de nada para uma população de mais de um bilhão e trezentos milhões de chineses, num instante, eles deram a volta por cima comercialmente, só os americanos lhes compraram 23 aviões cargueiros de insumos hospitalares e equipamentos de proteção individual (EPI).
Maria Clara, eu acho que pela sua paciência, centrada sempre, não lhe afetou ainda o meu nível de estresse, da minha loucura, passo o dia lavando as mãos. Às vezes, eu lavo as mãos, esqueço que as lavei, segundos depois, lavo as mãos novamente. Hoje, não arredo o pé de casa, quando sou obrigado sair, não saio sem máscara no rosto nem saio sem um vidro de álcool em gel na pochete. Querida Maria Clara, é um estresse sem fim, principalmente, depois que vi a foto em um jornal de centenas de covas rasas num dos cemitérios da cidade de São Paulo.
Querida amiga, eu tenho calafrio quando penso morrer e não ser velado ou não poder velar um ente querido, é um pensamento mórbido, mas a possibilidade existe. Hoje, a sociedade dos mortos coronarianos é tão assustadora quanto à sociedade dos pestilentos da peste bubônica dos anos de 1346/1353. Naquela época, os pestilentos eram isolados, discriminados e sepultados às centenas em valas profundas e separados por sexo, mulheres e homens em “sepulturas" diferentes.
Essa pandemia que surgiu na Ásia Central e contagiou o continente europeu e ceifou a vida de 200 milhões de pessoas. Hoje, o desfecho da Covid-19 (doença do coronavírus) é tão imprevisível quanto naquela época, os hospitais estão instalando contêineres refrigerados para manutenção de dezenas de mortos da Covid-19 até o sepultamento definitivo. Todas as projeções afirmam que muita gente vai morrer em contato com esse vírus, principalmente, se as recomendações do isolamento e distanciamento social não forem mantidos por tempo recomendado.
Talvez, questione-me: “amigo, por que fostes buscar doenças de eras remotas para meu medo aumentar?”, direi que jamais pensei lhe causar mais pânico do que a mídia nos faz diuturnamente, que, as pandemias na humanidade não são de hoje, a gripe espanhola, por exemplo, matou mais de 50.000 milhões de pessoas em todo mundo nos anos 1918/1920, portanto, minha amiga, não se assuste, as endemias e as pandemias fogem com medo das armas da ciência.
Cara amiga, um provérbio popular diz: “não existe mal que perdure nem bem que não se acabe”, essa pandemia irá acabar, permita Deus que esse vírus seja breve, o mais breve possível, não obstante o tempo de blasfêmia de alguns contra o Espírito Santo, único pecado que a Providência não permite perdão. O respeito às coisas divinas é a sublimação da fé. As idéias dos filhos do “Inimigo” não prevalecerão entre os bons nem serão escolhidos no “Dia de Juízo”.
Enfim, minha amiga, Deus nos abençoe e permita que passemos de imediato pelo vale do desconhecido, que esse vírus, em pouco tempo, já deixou muitos pais, filhos e filhas chorando sobre os corpos dos seus ente queridos, que seu efeito maléfico seja interrompido pelas forças do bem. Fraternalmente, R. Santana. São Caetano, Itabuna (BA), Brasil.
Rilvan Santana
Enviado por Rilvan Santana em 05/04/2020


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr