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O agregador - R. Santana


O agregador
R. Santana


Segundo o Aurélio, pai dos “burros”, agregar é reunir, congregar, acumular e associar. Quem não agrega, desagrega... O agregador é diferente do líder, este, nem sempre agrega, Hitler e Napoleão, por exemplo, foram líderes de seu povo, mas desagregaram países e continentes, o agregador não impõe, põe, ele não se faz aceitar, é aceito.

O desagregador destrói, o agregador constrói. O desagregador desestabiliza, o agregador estabiliza. O agregador estabiliza o ambiente, o desagregador o desestabiliza. O agregador sempre de bem com a vida, o desagregador é um indivíduo de personalidade ciclotímica, ora deprimido, ora exuberante.

Pegando carona no episódio Domingos Montagner, segundo depoimento dos seus colegas, era um agregador, por onde passava, deixava saudade: família, amigo, sorridente, generoso, elegante, nobre, modesto e sociável. É sabido que quando se morre, mesmo o inimigo, não se tripudia sobre o cadáver, guarda-se o melhor de sua memória, porém, quando a pessoa é de má índole, perdoa-se, mas não se acende vela nem deixa saudade, o menos polido diz: “... já vai tarde pra os quintos do inferno”.

Nenhuma entidade pública ou empresa privada é desenvolta quando o dirigente é desagregador, os prepostos, inconscientemente, não produzem quanto se fosse dirigida por um líder, um agregador, pois o desagregador, naturalmente, é egoísta, manipulador, autossuficiente e arbitrário.

O papel do agregador numa entidade pública ou empresa é diferente, ele procura juntar todos os indivíduos com o mesmo objetivo, para isto, administra os dissidentes, delega poder, compartilha as tarefas e promove um ambiente funcional de segurança e psicológico de paz.

Porém, o líder e o agregador não se forjam na escola, conta a lenda que Gengis Khan e Maomé eram analfabetos; o primeiro, unificou a Mongólia e estendeu seu domínio até a China no ano 1162, uma área equivalente três vezes o Brasil; o segundo, é o Jesus Cristo dos muçulmanos. A educação pode ilustrar o líder ou o agregador, mas a disposição psicológica é inata, ambos nascem pra liderar, o ambiente e a educação dão o toque final.

A diferença do líder e do agregador, é que o agregador sempre usa o bom senso, enquanto o líder, às vezes, usa o contrassenso. Mas ambos são importantes pra História da Humanidade.

Não é tarefa fácil agregar, principalmente, cabeças pensantes, pois cada um enxerga o mundo de acordo os seus princípios morais e suas convicções ideológicas. É comum alguém dizer que os governantes preferem o povo ignorante, pois é mais fácil de liderar, agregar, enquanto o povo letrado, pensante, é difícil enganá-lo, este não tem nada de tolo.

Portanto, é condição necessária que o povo seja instruído, educado, assim, irá conter os falsos líderes e os desagregadores, povo ignorante, é povo que se deixa levar, “Maria vai com as outras”, não possui discernimento aguçado, age mais com o coração do que com a razão. O homem ignorante só pensa em si, nas necessidades imediatas, ao passo que, o homem de conhecimento não pensa só em si, mas o que é bom para todos, o que será bom para seus filhos e seus netos.

O processo político partidário eletivo é o único instrumento democrático que temos para separar o joio do trigo, o bom do ruim, o honesto do desonesto, o empreendedor do não empreendedor, o líder do falso líder e o agregador do desagregador.


Autor: Rilvan Batista de Santana
Licença: Creative Commons
Rilvan Santana
Enviado por Rilvan Santana em 22/09/2016
Alterado em 22/09/2016


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr