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O símbolo

O símbolo
R. Santana

Há algum tempo que pensamos escrever sobre o valor do símbolo, o seu significado, a diferença sutil entre símbolo, sinal e signo. Não obstante ser uma tarefa difícil, abstrata, evocativa, mágica e mística, o símbolo despertou-nos interesse em relação aos demais pelo seu uso religioso, em particular, a Igreja Católica.
O sinal e o signo têm o seu significado em si, na sua representação, mas necessariamente, são desprovidos de ideias abstratas e metafísicas. Os sinais de trânsitos, as faixas do Zodíaco e os signos linguísticos são exemplos emblemáticos. Um motorista responsável condicionou-se parar o seu carro no semáforo vermelho ou seguir a viagem normalmente quando o semáforo é verde quase de maneira involuntária. Todavia, essas ações encerram em si, não existem elucubrações por detrás.
O símbolo é diferente. O símbolo não encerra em si, qualquer que seja o símbolo, ele é embasado por um feixe de ideias, conjeturas e representações. Os símbolos religiosos são os mais ricos nesses aspectos. A mãe de Jesus Cristo, Nossa Senhora, é de uma riqueza simbólica singular, ela é evocada em diferentes situações e títulos.
Os símbolos históricos também são eivados de significados, Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, Herói Nacional, Patrono Cívico do Brasil, ilustra com clareza o nosso pensamento. Ele representou naquela época, as aspirações de independência política de um povo subjugado e explorado em suas riquezas naturais e socialmente sofrido, hoje, ele é o símbolo maior de liberdade e autodeterminação da nação brasileira.
Martinho Lutero não promoveu a Reforma, somente, por causa da simbologia que impregnava a Igreja Católica do seu tempo, mas pela corrupção e os privilégios que imperavam no seio da igreja, pela venda escandalosa das indulgências, pela autoridade infalível do Papa, pelo excesso de seus dignitários, pela abolição dos interditos, pelas riquezas fabulosas da Igreja Católica em detrimento dos desajustes sociais daquela época, afora, a natureza revolucionária e questionadora do monge alemão, calcada em seu imenso cabedal cultural e inteligência ímpar.
Hoje, as igrejas evangélicas, com algumas distorções, continuam fiéis ao monge alemão, porém, incorporaram em suas liturgias, símbolos menos significativos, menos representativos, a exemplo de óleos, algodões, palmas, água, fogo, etc.
O nosso objetivo não é tecer comentário desairoso ou fazer a defesa de qualquer princípio religioso, político ou científico, entretanto, faz-se necessário dizer que o símbolo sustenta o homem e o aproxima do transcendental. O homem por natureza é limitado, jamais ele chegaria a Deus sem o uso da simbologia, é o símbolo que materializa a sua fé.
Os homens primitivos usavam os fenômenos da natureza como manifestações de suas divindades. Não obstante o progresso científico e tecnológico atuais, o homem ainda continua se apegando às intercessões dos santos, à simbologia, para que Deus mande chuva, sol, evite as catástrofes naturais, os males que afligem o homem e não doutra forma, senão, com o uso do símbolo.


Autor: Rilvan Batista de Santana
Gênero: Ensaio
 
Rilvan Santana
Enviado por Rilvan Santana em 20/08/2012


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr