Textos


Uma nova linguagem

R. Santana

Os meios de comunicação são cada vez mais sofisticados, com o advento da informática e da Internet, é possível registrar fatos em tempo real com imagem e voz em qualquer ponto da Terra em fração de tempo. Não existe mais segredo neste mundo de meu Deus!... Hoje, os ditadores são desmascarados à luz do dia, poucos se sustentam quando a sublevação do povo é pra valer, exemplo recente é Kadafi, claro que os líbios tiveram o apoio da OTAN, mas foram as imagens de um povo sofrido e as denúncias por email que chegaram primeiro em todos os recantos da terra que minaram o regime de 42 anos e contribuíram para derrocada do ditador. Quem no mundo não tomou conhecimento das imagens bélicas e revolucionárias do Egito, da Tunísia, de Bahrain e do Iêmen? Todos os cidadãos do mundo foram testemunhas em tempo real das atrocidades que essas ditaduras praticaram, inutilmente, para se manter no poder. Porém, caro leitor, o nosso objetivo não é tecer loas ao avanço da tecnologia da comunicação de tais feitos, não temos “know how” para analisar esses avanços tecnológicos modernos herdados dos pioneiros de comunicação à distância como Samuel Morse e do nosso padre cientista – o Brasil ainda não lhe fez justiça – o padre Landell de Moura, mas fazer uma reflexão da linguagem de email. A maioria dos gramáticos e lingüistas tradicionais resiste à nova linguagem que se caracteriza pela rapidez e sem convenção. No e-mail valoriza-se a comunicação, independente da forma e da técnica gramatical, se a mensagem for inteligível, isto é, comunicar, é de somenos importância, as conhecidas regras gramaticais vigentes e as técnicas de redação, não que não se preze a língua clássica e tradicional, é que o internauta valoriza mais a linguagem simbólica, cotidiana. Diferente da carta, às vezes, com duas ou três laudas e quando prolixas muito mais, o e-mail é sucinto, geralmente, de uma a três linhas a comunicação se encerra, porque a quantidade, a velocidade e os meios de comunicação são diversos e democráticos (o acesso é livre), portanto, não é necessário alguém tecer comentário longo em assunto cujo significado é imediato. Eis, abaixo, alguns e-mails à guisa de esclarecimento: “Tio, tou morrendo de saudade. Bjos. Amanda” “Obrigado, amiga: O que foste buscar! Hehehehe. Cuac para ti! Jorge” “Mary, me liga, vc tá cada vez mais gostosa!!! kkk...” “AFFF MARIA! O QUE É ISSO?... E assim foi povoada a Bahia...**..será verdade..????..rssrsr (e sem Viagra, hein?!). Ceres” “Na Ficha Cadastral enviada no e-mail anterior, faltavam 2 itens. Fiz a correção e estou reenviando a Ficha. Desculpem. Sabem aqueles 70?... Ruy” “... Que a Paz do Deus Menino esteja no coração de todos. Que a Harmonia, o Amor, a Prosperidade, a Bondade, a Saúde sejam uma constante na vida de cada um no ano que se aproxima. Grande abraço a todos! Lurdes” Faz-se necessário esclarecer antes de fechar este artigo que o e-mail não é o único meio de comunicação de textos concisos, as redes sociais e a telefonia (torpedos), também, usam uma linguagem escrita rápida e descomprometida, além da voz e da imagem, os japoneses, por exemplo, usam mais as mensagens de textos na telefonia do que a voz, portanto, essa nova forma de texto simplificado veio pra ficar. Certamente, os cultores do idioma mais tradicionais, acostumados às convenções e ao formalismo da língua, resistirão à nova codificação do idioma e ao uso menos formal da grafia, porém, terão que reconhecer que o e-mail como dispositivo eletrônico dos tempos atuais, deu origem a uma nova linguagem.

Autor: Rilvan Batista de Santana 29.12.2011
Rilvan Santana
Enviado por Rilvan Santana em 12/08/2012


Comentários


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr