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Democracia, herança grega

Democracia, herança grega
R. Santana


A Grécia é o berço da democracia. Sócrates foi condenado beber cicuta por decisão de maioria simples de um tribunal de Atenas. Alexandre, o Grande, da Macedônia, usou ações democráticas para apaziguar os ânimos dos povos conquistados e manter sua hegemonia.
Hitler formou o Eixo (Itália, Espanha e Japão...), e os Aliados (Estados Unidos, Inglaterra, Rússia...), formaram outra frente bélica. Houve muitos conchavos, muitas “ações democráticas”, muita diplomacia, muitas ações de bastidores, muitas futricas para que a II Guerra Mundial levasse seis longos anos, ceifando vidas inocentes, promovendo holocaustos, barbarizando, destruindo a autodeterminação de alguns povos, toda essa carnificina em nome da liberdade e da democracia.
Depois da II Guerra Mundial, é a ONU que resolve os conflitos entre as nações através do voto, da democracia, da diplomacia e quando em vez, através da bala, dos aviões com toneladas de bomba, enfim, com a mesma tirania de Hitler, Mussolini, Stálin e o presidente Roosevelt. Por decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas que justifica os cinco votos permanentes (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e República Popular da China), comete crimes contra humanidade, empunhando a bandeira da democracia e da paz.
Porém, o exercício da democracia é difícil, principalmente em um colegiado, onde prevalece a vontade do mais astuto, do mais sagaz, do mais loquaz, às vezes, dos sub-grupos mais influentes e sectários ou daqueles que jactam-se de ter mais estofo democrático e prestígio intelectuais.
O jeca que não tem o uso fácil da palavra, não possui inteligência social, não se livrou do complexo de inferioridade e ainda não dominou sua inteligência emocional, suas ideias são engolidas facilmente, pelos doutos da palavra, pelos que não têm resquícios de generosidade e o egoísmo é o seu bem maior. Neste ambiente, o exercício da democracia é a sedução da retórica.
Existe indivíduo que perturba o ambiente democrático pelo gosto de perturbar, se alguém apresenta uma boa ideia, ele sempre é contra, mesmo que a maioria absoluta seja favorável, ele é contra e faz questão de registrar que é contra, é o chato radical!... Ele não contribui com novas ideias, não analisa as contribuições dos seus pares, ele só é consenso se sua vontade prevalece. Esse indivíduo usa intencionalmente, a boa fé daqueles que pensam como Voltaire: "Eu posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o direito de dizê-las”, ele tem consciência que talvez não seja “ouvido”, mas jamais lhe será cerceado o direito de “falar.” Esse indivíduo causa prejuízos irreparáveis em qualquer assembleia.
Existe, também, o autoritário travestido de democrata, o lobo com pele de cordeiro, esse indivíduo manipula com facilidade as mentes incautas, ele usa sofismas, aparentemente verdadeiros e a falsa persuasão: “Se for da vontade dos colegas...”, “Eu penso assim, mas não é obrigado todos pensarem comigo”, “Se o colega X é favorável, eu também sou...”, etc. etc.
Porém, o exercício democrático poderá ser aperfeiçoado, adaptado, jamais desprezado ou substituído. Em nenhum lugar o autoritarismo é a solução para os problemas humanos. Centralizar as decisões de uma entidade ou de um governo em uma pessoa ou em um grupo é contrariar a natureza do homem.
O livre arbítrio, a capacidade de escolha, poder optar por uma, duas, ou mais alternativas, faz bem à mente de qualquer indivíduo, todos nós gostamos da capacidade de escolha e quando esse exercício de democracia é cerceado, o homem se insurge à situação opressora com forças primitivas, instintivas e irracionais, ele é capaz de romper qualquer sistema, a execução de Muammar Khadafi pelos rebeldes, é um exemplo recente, o povo Líbio depois de décadas de opressão rompeu com o seu governo, uma turba incontrolável de rebeldes, em nome da democracia e da liberdade, cometeu barbárie tão execrável quanto o governo do repugnante coronel Khadafi.
Mas a democracia é o único instrumento capaz de promover mudanças sociais profundas. Instrumentos democráticos como eleição, plebiscito e impeachment são necessários para solução de problemas de uma prefeitura, de um estado e de um país, são capazes até de mexer no ordenamento jurídico e em cláusulas pétreas de uma nação. Não existe outro instrumento mais eficaz para ouvir o povo do que o plebiscito.
Por isso, a democracia é imprescindível na construção de uma nação, de um país, mesmo nos países onde o estado de direito não é respeitado, nenhum ditador quer ter a pecha de antidemocrático e autoritário.
A democracia é necessária, contribui para o desenvolvimento, reduz as desigualdades sociais, é condição sine qua non para que o homem viva livre e em paz, pois melhor morrer do que não ter liberdade.

Autor: Rilvan Batista de Santana – Academia de Letras de Itabuna - ALITA
 
Rilvan Santana
Enviado por Rilvan Santana em 27/07/2012
Alterado em 03/08/2012


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr