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A Criatividade

A Criatividade

R. Santana



A criatividade é um dom de Deus. Escrever, pintar, esculpir, construir, fazer, transformar, são habilidades e atividades que, com aprendizagem e domínio técnico o homem aprende fazer, mas criar ou inventar é uma manifestação divina.
Muitos engenheiros e arquitetos construíram prédios fabulosos, seguros, no mais preciso rigor técnico de cálculo estrutural e formas convencionais em nosso país, porém, foi preciso o gênio de Oscar Niemayer aparecer para torná-los mais belos em formas e lugares aprazíveis, em poesias...
Todos ou quase todos os mortais balançam o esqueleto, mas foi Fred Astaire quem primeiro fez da dança um poema escrito com os pés. Os seus filmes congestionaram bilheterias em todo o mundo, não pelo conteúdo dos scripts, mas pela magia de sua dança.
Os livros de Machado de Assis, Euclides da Cunha (Os sertões), Drummond, Fernando Pessoa, Shekspeare, Dante Alighieri, Haminguey, Allan Poe, Thomas Mann, Irmãos Grimm, Goethe, Dostoivski, Castro Alves, Jorge Amado, Kahlil Gibran, Homero e tantos outros, não foram somente escritores, foram gênios, deuses da criatividade e da escrita.
Na música e na composição, Mozart, Beethowen, Friedrich Haendel, Villa Lobos, padre José Maurício, Noel Rosa, Cartola, Antônio Carlos Jobim, Adelino Moreira, não foram músicos e compositores de técnica, foram compositores e músicos de pura técnica e criatividade. Suas produções permanecem e permanecerão na história da arte para sempre pela criatividade e beleza.
Na pintura e na escultura, Michel Ângelo, Da Vinci, Picasso, Monet, Renoir, Baldini, Almeida Júnior, Anita Malfatti, Carybé, Di Cavalcanti, Antônio Francisco, Lisboa, o Aleijadinho, não reproduziram formas e imagens, retratistas amadores, mas produziram formas e imagens divinas, com o dom da criatividade que Deus lhes deu.
Deus premia somente alguns com o dom da criatividade e da invenção, mas não lhes premia de mão beijada, exige-lhes determinação e perseverança. Certa feita, Thomas Édson, um dos maiores inventores de todos os tempos, questionado por alguém se suas invenções eram inspiradas, ele respondeu-lhe que a inspiração não prescinde da transpiração, uma depende da outra. Se alguém ficar deitado, esperando que Deus lhe mande uma grande idéia, dê-lhe habilidade nas mãos, sensibilidade, insight, raciocínio lógico, nada acontecerá, mas se alguém tem uma boa idéia, persegue e persiste aquela idéia, diuturnamente, ele terá um desfecho feliz, mesmo que para muitos seja um contrassenso.
Conta-se que Isaac Newton descobriu a “Lei da Gravidade” por acaso, quando embaixo de uma macieira, uma maçã lhe cai à cabeça. É evidente que Newton já perseguia essa idéia dos corpos puxados para baixo por influência de Galileu Galilei há longo tempo, porém, foi preciso uma centelha divina que lhe despertasse.
Santo Dumont botou muito dinheiro no bolso, uma idéia na cabeça, se mandou pra Paris e inventou o avião. E, quando sobrevoou o campo de Bagatelle, com o seu XIV- Bis, deixando os franceses e o mundo estupefatos, com uma máquina mais pesada do que o ar, movida a gasolina, suas idéias e o seu feito estavam inscritos perenes na História.
O físico e matemático Arquimedes, o homem das alavancas e roldanas, “dê-me uma alavanca e um ponto de apoio que levantarei o mundo”, descobriu a picaretagem de um ourives que enganou o rei Hierão, confeccionando uma coroa de prata e ouro, vendendo-a por puro ouro, e as leis de impulso da hidrostática, depois de um estalo divino em sua mente, quando Arquimedes imerso numa banheira, conta a lenda que despido, ele saiu pelas ruas gritando: “Eureka! Eureka!”, “Encontrei! Encontrei!”, a ciência registrava mais uma descoberta...
Alexandre Fleming descobriu a penicilina depois de varar noites e dias, por um acaso de Deus, esqueceu umas placas com bactérias em cima da mesa do seu laboratório e o bolor destruiu essas culturas enquanto esteve de férias.
A escola não produz gênios. A escola educa, transmite conhecimento e instrui pessoas. Se os geneticistas de todo mundo quisessem “construir” um Shekspeare, um Mozart, um Santo Dumont, um Machado de Assis, Rembrandt, um Picasso, um Charles Chaplin, não conseguiriam, salvo, se Deus acrescentasse uns cromossomozinhos de genialidade no DNA, o dom criatividade, da invenção.
Alguém pode suscitar que este texto é uma apologia determinista o que não é verdade, o gênio não nasce pronto, nasce com as potencialidades (filosofia aristotélica de potência e ato), o meio, a educação, a interação social e outros fatores contribuem para que ele se transforme em ato.
Cartola, negro e pouco letrado, passou alguns anos desaparecido, depois de várias investidas fracassadas em músicas e escolas de samba. No ostracismo, sumido, trabalhando de vigia e lavador de carro teve o seu momento providencial com Sérgio Porto, o imortal Stanislaw Ponte Preta, quando por acaso o famoso jornalista o encontrou num bar, sujo e maltratado em 1956, de lá pra cá, o gênio de lindas composições, dentre tantas, “As rosas não falam”, jamais será esquecido.
Que o tempo não me contradiga, mas Deus ao criar o homem, deu inteligência a todos e o dom da sabedoria e da genialidade a poucos.


Autor: Rilvan Batista de Santana
Itabuna, 30.01.2010








 
Rilvan Santana
Enviado por Rilvan Santana em 02/06/2012
Alterado em 03/08/2012


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr